quinta-feira, 31 de julho de 2008
A comunicação ao País do Presidente da República
Foi negativa a maioria das reacções à oportunidade da comunicação ao país do Presidente da República hoje efectuada sobre o Estatuto da Região Autónoma dos Açores. Nomeadamente foi dito que o País tem problemas mais graves, que a expectativa criada não correspondeu à importância do tema, que a montanha pariu um rato, que a maior parte das pessoas não se interessam ou não percebem um tema jurídico como o que motivou a intervenção, que se trata de um problema regional e não de interesse nacional, que melhor teria sido que o PR se tivesse dirigido ao deputados e não ao País, que poderia ter esperado por Setembro, pois a AR está de férias, que foi uma divergência com as conclusões do Tribunal Constitucional, etc..
Penso que estas críticas não têm razão. Acho que a questão, tal como foi apresentada tinha o grau de gravidade suficiente para justificar a comunicação ao país. Foi preferível alertar a opinião pública para as consequências graves que podem advir de não se ter em conta a opinião do PR do que limitar a discussão às instâncias dos poderes políticos. Claro que temos problemas mais graves. Mas teria sentido o PR fazer uma comunicação ao pais para dizer que a economia vai mal, que o endividamento do país está a atingir níveis alarmantes, quando já tanta gente o tem dito e o PR pouca acção poderá ter para tentar melhorar a situação, a não ser nas acções pedagógicas que tem tido? A alteração que o projecto de estatuto aprovado implicava nos poderes do PR tem interesse nacional, mesmo que a questão seja suscitada por um diploma de importância regional. Por outro lado, pode haver normas que, embora não feridas de inconstitucionalidade, sejam inadmissíveis para o bom funcionamento das relações entre os órgãos de soberania e os poderes políticos. Se a expectativa criada não correspondeu à importância geralmente dada ao problema, o PR não tem culpa de se ter criado tal expectativa só por o assunto a versar não ter sido anunciado. Certamente que deste modo houve uma audiência atenta muito mais larga e assim o PR conseguiu passar de modo mais vasto a sua mensagem.
Tenho discordado de muitas das iniciativas presidenciais que não levantaram a celeuma que esta comunicação provocou, mas neste caso acho que a intervenção foi correcta e justificada.
Uma coisa que me impressionou foi o baixo nível (na minha modesta opinião) da grande maioria dos comentários (mais de 300) à notícia do Público, ainda, claro!, antes de se conhecer o tema, sobre o anúncio da comunicação.
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terça-feira, 29 de julho de 2008
Não são disparates, mas imprecisões e confusões
Escreve a jornalista Ana Gerschenfeld no Público, a propósito de «Erros médicos acontecem em casa»:
«Uma equipa de sociólogos norte-americanos» investigou a origem de «erros mortais de medicação. ...Analisaram os registos de óbitos dos EUA entre 1983 e 2004 ... focando-se nas 200 mil mortes cuja causa pertencia à categoria de "erros de medicação"». E conclui (o estudo ou a jornalista?) que «a fórmula mais mortal é clara: a combinação de medicamentos tomados em casa com drogas recreativas e/ou álcool levou a um aumento de 3196 por cento. ... em meio hospitalar foi de apenas cinco por cento.»
Ora estas variações percentuais nada dizem sobre qual "a fórmula mais mortal". Os óbitos domésticos aumentaram 3196% a partir de quanto para quanto? Se em 1983 eram 100 no total de 200 000 estudados, em 2004 seriam apenas 3296 casos, ao passo que um aumento de 5% pode ter um impacte muito maior se a base de cálculo, isto é, o valor em 1983, fosse 199 900. Em 2004 teria atingido 209 895 casos e a fórmula mais mortal seria sempre obtida em meio hospitalar.
Pode ser que a jornalista (ou o estudo) tenha razão, simplesmente os dados apresentados não são suficientes para provar a tese que se afirma no título e se repete no texto.
De outra ordem são as questões ouvidas na RTP:
No Telejornal, José Rodrigues dos Santos afirmou que um inventor suíço tinha apresentado "um carro eléctrico" e que "em vez de um motor, o carro tinha uma simples bateria". A explicação subsequente em que um simples motor de poucos cavalos, mais próprio de uma motocicleta, tinha apenas por função carregar a bateria, não só contrariava a afirmação como me deixou completamente às escuras. Não há dúvida que os "carros eléctricos" ainda nos reservam muitas surpresas.
Mais adiante falou-se de aves mortas por botulismo encontradas em zonas pantanosas algures na Europa. e acrescentava-se esta pérola: «É desta toxina [a toxina do botulismo que teria afectado as aves] que se faz o Botox, só que se na pela humana elimina as rugas, para os patos pode ser fatal.». Como se a toxina do botulismo fosse inofensiva para os seres humanos e letal para as aves, e não apenas uma questão de dose. Claro que ninguém se lembraria de usar a toxina de Clostridium botulinum para eliminar rugas nos patos.
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segunda-feira, 28 de julho de 2008
Dois disparates de uma só vez
Foi hoje na TVI, nas notícias da hora do almoço.
A reportagem referia-se a um agricultor que aproveitava o estrume para produzir biogás, que por sua vez alimentava uma caldeira cujo vapor accionava geradores eléctricos. Claro que isto não tem nada de novo e o processo é conhecido há anos, tem variantes aperfeiçoadas e comercializadas por numerosas empresas de tratamento de efluentes e aproveitamento de desperdícios para geração de energia e é explorado em muitos países, entre os quais Portugal. Eu próprio já visitei unidades de pecuária que utilizavam com êxito este processo e colaborei em projectos semelhantes. Portanto nada digno de figurar num serviço noticioso como uma grande novidade. Mas para a TVI é "uma novidade vinda agora dos Estados Unidos" (cito de memória).
O 2.º disparate é a habitual confusão entre potência e energia. Segundo a jornalista, o feliz agricultor que tinha este sistema na sua propriedade produzia 75 kW por dia. Ora o kW (quilowatt) é uma unidade de potência e não tem sentido dividi-la por uma unidade de tempo. Se a potência do sistema é de 75 kW, pode produzir no máximo uma energia de 75 x 24 kWh por dia (1800 quilowatts.hora), o que para o sistema descrito me parece enorme. Provavelmente a produção será de 75 kWh, muito mais modesto, mas mais verosímil.
Etiquetas: biogás estrume potência energia
domingo, 20 de julho de 2008
Não posso estar mais de acordo
"Sócrates acaba de dizer, no Congresso da JS, que as ideias conservadoras fariam o país progredir em vez de andar para a frente."
Visto em:
31 da Armada
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sábado, 19 de julho de 2008
Mais sobre o número de seres vivos no planeta
Mas ficou-me a curiosidade e resolvi investigar usando a maravilhosa ferramenta que é a busca na net, que por vezes nos dá respostas às nossas interrogações, outras vezes faz-nos perder imenso tempo dizendo tudo menos o que queremos saber.
Não consegui saber o número de seres vivos no planeta, pelo contrário, fiquei a saber, no sítio:
wiki.answers.com/Q/How_many_living_beings_inhabit_the_earth
que esta questão ainda não teve resposta.
Mas obtive uma estimativa (melhor, 3 estimativas diferentes) para o número de bactérias existentes no corpo humano saudável. Em:
www.sciencedaily.com/releases/2008/06/080603085914.htm
aprendi que este número é aproximadamente 10 vezes o número de células do corpo. Em
ask.yahoo.com/20020625.html
fiquei a saber que há estimativas de 10, 50 ou 100 biliões (biliões europeus, isto é, milhões de milhões, ou seja o que os americanos chamam triliões, e não biliões americanos, que são os nossos milhares de milhões) de células.
O número de bactérias no corpo de cada um de nós será portanto 100, 500 ou 1000 biliões de bactérias. Quantas destas estarão no tracto digestivo, fiquei sem saber.
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sexta-feira, 18 de julho de 2008
Número de seres vivos no planeta
Falando das bactérias não patogénicas que povoam o nosso intestino, disse o ilustre físico:
"O número de bactérias que existe no seu tubo digestivo é superior ao número de seres vivos que povoam o planeta."
Não sei bem a que seres vivos se referia o médico. Tal como a frase foi dita, compreende-se que seria a totalidade dos seres vivos da Terra, incluindo portanto animais, plantas, fungos, protozoários e bactérias, para não falar dos vírus, que estão no limite do que se pode considerar seres vivos (ver Tree of Life web project: http://www.tolweb.org/Life_on_Earth/1).
Ora as próprias bactérias do tracto digestivo do jornalista, bem como as dos outros 6 mil milhões de seres humanos e dos outros animais também são seres vivos e como a parte não pode ser maior que o todo, a afirmação do médico tem que estar matematicamente errada. Só teria alguma possibilidade de estar certa se em vez de seres vivos se referisse a eucariontes ou mais restritamente a animais, a vertebrados ou ainda mais apenas a seres humanos.
Será que alguém, o médico entrevistado pela RTP ou outra pessoa, pode ter uma leve ideia do número de seres vivos da Terra?
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Baixar os braços, nunca
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quarta-feira, 16 de julho de 2008
Energias alternativas - serão viáveis como solução para o fim do petróleo?
Não li o livro citado neste blog (James Howard Kunstler, Depois do petróleo: Por que não nos salvarão os combustíveis alternativos) nem sequer ainda completamente o excerto a que dá ligação, mas o comentário e o pouco que li desperta o apetite e só confirma o que tenho dito aqui.
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domingo, 13 de julho de 2008
lisboa s.o.s.
lisboa s.o.s.
Vale a pena visitá-lo e, se possível, colaborar enviando fotografias dos infelizmente numerosos casos de desmazelo nos cuidados da nossa cidade.
O link remete, não para uma fotografia, mas para uma carta remetida para a Câmara Municipal de Lisboa e uma resposta que não responde nada. É um exemplo de que a cidade não padece apenas de desmazelo e mazelas nas edificações e no ambiente, mas também de burocratice aguda.
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sábado, 12 de julho de 2008
Estado Social
«...lancei poucos dias depois de tomar posse do governo, a fórmula do Estado Social a fim de acentuar o conteúdo da política que me propunha seguir.
O sentido que lhe dei na curta alocução proferida ... um poder político que insere nos seus fins essenciais o progresso moral, cultural e material da colectividade que, pela valorização dos indivíduos e pela repartição justa das riquezas, encurte distâncias e dignifique o trabalho.
Está, pois, claro o pensamento que me animava ao preconizar o Estado Social: embora mantendo a propriedade privada e a liberdade de iniciativa em economia de mercado, o Estado deveria intervir fortemente na vida social para corrigir as injustiças da repartição dos rendimentos, directamente através do ajustamento dos salários e indirectamente mediante a concessão de vantagens e oportunidades que permitisse aos trabalhadores e às suas famílias vencer obstáculos à sua promoção e encurtar distâncias sociais.»
Alguém adivinha?
Veja-se http://dragoscopio.blogspot.com/
Engraçado, não é?
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Casa dos Bicos
Leio aqui e ao princípio custa-me a acreditar.
A Casa dos Bicos vai ser cedida por 10 anos pela Câmara Municipal de Lisboa à Fundação José Saramago para nela instalar a sua sede.
Por muito que se aprecie José Saramago pela sua obra ou pelas suas opiniões políticas, por muito que Portugal e os portugueses se possam sentir honrados por um nosso concidadão ter recebido um Prémio Nobel, por muito que a Fundação José Saramago possa merecer receber auxílio municipal ou nacional para a sua instalação condigna, a cedência da Casa dos Bicos é, a meu ver, escandalosa. Trata-se de um monumento com grande significado na nossa história, de uma beleza rara e numa localização privilegiada. Devia ser destinada a eventos de significado histórico e nacional, que pudessem atrair turistas nacionais e estrangeiros, aberta a todos.
Não o tem sido, é verdade, mas pelo menos conservava essa possibilidade. A cedência a uma instituição particular vai limitar ou impedir a sua vocação.
Seria boa ideia promover uma petição nacional para impedir esta cedência. Não o sei fazer nem tenho possibilidades de motivar muita gente, mas modestamente lanço a ideia. Talvez alguém com mais eco possa pegar-lhe.
Saramago que continue a escrever romances, em Espanha ou em Portugal ou onde lhe aprouver, que dedique o seu tempo à sua fundação, mas que deixe a Casa dos Bicos em paz.
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sexta-feira, 11 de julho de 2008
Ainda as alternativas energéticas: carros eléctricos e hidrogénio
A assinatura de um acordo do estado português com a Renault-Nissan para experimentação do apoio em infra-estruturas para automóveis eléctricos foi ocasião de sessão quase solene com a presença do nosso primeiro-ministro e do ministro da economia. Não digo que tenha sido despropositado ou que se possa acusar o governo mais uma vez de aproveitar a ocasião para propaganda política. Os automóveis movidos a electricidade, seja, como neste caso, por meio de baterias, seja por meio de células, podem ser uma boa alternativa para transportes urbanos por não poluírem localmente. E faço questão de sublinhar “localmente”, porque isso não quer dizer que não causem poluição a montante, na geração de electricidade, mas não só, também na produção das baterias.
Vem isto a propósito da notícia veiculada pela TVI há 2 dias. Segundo o comentador António Perez Metelo, os novos carros eléctricos (não confundir com os velhos carros eléctricos da Carris, a que Cesariny chamou de “amarelíssimos”)
representam “um novo paradigma”, tendo o jornalista acrescentado que permitem utilizar “uma energia mais barata e sobretudo mais limpa”. Perez Metelo concordou, dizendo que constituem uma “alternativa limpa e competitiva”.
Bem gostava que tivessem razão. Mas vejamos:
Para estes automóveis constituírem “um novo paradigma” seria necessário que a energia eléctrica de que se alimentam fosse tão abundante como são ainda actualmente os combustíveis fósseis e não dependesse maioritariamente destes para a sua produção, o que não acontece neste momento nem parece fácil que venha a acontecer num futuro próximo.
À falta de dados, que já procurei sem êxito (talvez por culpa minha), duvido muito que a energia com que se alimentam os carros eléctricos seja mais barata do que a proveniente da queima da gasolina ou do gasóleo, mesmo com as subidas de preços recentes, porque a electricidade com origem no petróleo tenderá a subir tanto como os combustíveis.
A “alternativa limpa” é, como vimos, apenas limpa no local da utilização, mas não necessariamente no da produção da energia.
E “competitiva”? Gostava muito que Perez Metelo o confirmasse com números.
Entretanto resta-nos esperar pela fusão nuclear, esperança adiada de energia abundante e barata.
domingo, 6 de julho de 2008
Rentabilidade do TGV
Há dias o ministro Mário Lino declarava com toda a candura que lhe é habitual que admitia que os custos do TGV não viessem a ser cobertos pelas receitas da venda de bilhetes. Suponho que se referia à linha Lisboa-Porto, mas pelo que tenho lido o mesmo se aplicará ainda com mais probabilidade às linhas Lisboa-Madrid e ainda mais à Porto-Vigo.
Pergunto eu agora: Então por que se fazem estes grandes investimentos?
Claro que pode haver benefícios sociais que o justifiquem, como é o caso dos transportes públicos urbanos, que normalmente são deficitários, mas que são subsidiados pelo erário público para favorecer o seu uso em detrimento do transporte individual, de outro modo as cidades seriam praticamente intransitáveis. (Ainda mais do que já são actualmente.)
Não me parece que este raciocínio seja aplicável com propriedade ao TGV. De qualquer modo, mesmo que o fosse, convém explicá-lo bem, o que não tem sido o caso.
Trata-se portanto de mais um encargo para os pagadores de impostos, ao contrário do que o princípio geral do utilizador-pagador aconselharia.
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sábado, 5 de julho de 2008
Onda acaba o Mediterrâneo?
Mas o que não resisto a comentar, embora absolutamente lateral ao assunto, é mais um disparate ouvido na RTP1 e repetido na RTP2, o que quer dizer que entretanto ninguém deu pelo erro ou acharam que não valia a pena corrigi-lo. Trata-se da classificação dada pela jornalista que redigiu a notícia de Portugal e Marrocos como "dois países separados pelo Mediterrâneo." Toda a gente sabe que o Mar Mediterrâneo banha as praias algarvias e para chegarmos a Marrocos basta atravessar esta mar. Afinal onde fica o Atlântico? E será que existe mesmo um estreito chamado de Gibraltar, ou é mito inventado por Homero quando escreveu a Odisseia?
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quinta-feira, 3 de julho de 2008
Libertação de Ingrid Betancourt
É lamentável que a SIC-Notícias tenha posto em legenda sob o directo das primeiras palavras de Ingrid Betancourt recém libertada que ela tinha sido libertada "pelas FARC". Apenas uma palavra trocada ("pelas" em vez de "das") faz toda a diferença e a maneira errada como foi dada a boa notícia, voluntária ou por descuido, só pode ser classificada como mau jornalismo.
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Ensaio sobre a lucidez: Medina Carreira
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quarta-feira, 2 de julho de 2008
Quanto desceu o IVA em percentagem?
(sic.aeiou.pt/online/noticias)
"... o IVA, que vai baixar 1%. Passa de 21% para 20%. Mas os consumidores quase não vão notar a descida."
Esta notícia foi citada em pelo menos um blog, como verdadeira. Mas não é. Afinal quanto desceu o IVA ontem? Não tenho os conhecimentos de estatística do bloger do "A Pente Fino", mas acho que se ele tivesse lido esta notícia, comentaria:
O IVA não baixou 1 %; baixou 1 ponto percentual, mas em percentagem foi 4,76 % [(21-20)/21]. Também não é correcto dizer, como ouvi hoje na TV, que os preços (dos bens a que se aplicava a taxa de 21 %, agora reduzida para 20 %) desceram 1 %. Desceram, se não estou em erro, 0,8264 % [(121-120)/121]. Não admira, portanto, que os consumidores quase não tenham notado a descida.
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terça-feira, 1 de julho de 2008
Ainda as energias renováveis
Primeiro: Os automóveis continuam a necessitar da mesma energia para se moverem, ou ainda talvez um pouco mais, dado que as baterias aumentam normalmente o peso. Em vez de ser energia dos combustíveis líquidos, gasolina, gasóleo ou gás de petróleo liquefeito será energia eléctrica. Mas esta terá de ser produzida e a dependência energética manter-se-á. Mesmo que se pretendesse dizer "dependência energética de energia importada", ou seja, "dependência do exterior", ou então "dependência dos combustíveis fósseis", tudo depende do modo de produção da energia eléctrica necessária; se for em centrais eléctricas que consumam combustíveis fósseis, a dependência é a mesma. Poderá eventualmente ser ligeiramente menor se a eficiência dos motores eléctricos for mais elevada ou, pelo contrário, algo maior se as perdas no transporte forem importantes.
Segundo: A produção de carros eléctricos contribui para o desenvolvimento económico? Só se fossem mais baratos e em consequência pudesse aumentar a procura. Se se limitarem a substituir o mesmo número de automóveis movidos a combustíveis, não vejo como poderá ter qualquer influência no desenvolvimento.
Já outra coisa seria o "carro a água" que foi há dias anunciado, também na TV, como uma realidade: O sistema limitava-se a decompor a água em hidrogénio e oxigénio, utilizando em seguida o hidrogénio como fonte de energia, dando novamente origem a água. Até referia o número de quilómetros que o carro podia andar com 1 litro de água. E o jornalista anunciou tudo isto sem se rir. Resta saber em que sessão da Assembleia da República foi revogada a 2.ª Lei da Termodinâmica. Estariam resolvidos os problemas da crise energética e, por falta de procura, os preços do petróleo cairiam a pique.
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