domingo, 18 de junho de 2006

Citação de Títulos

É demasiado comum citar títulos de obras, sejam livros, fitas, peças de teatro, óperas ou músicas, em línguas que não são as originais nem a respectiva tradução em português. Qualquer destas opções seria aceitável, mas acho que já não o é citar em inglês, por exemplo e escolhi este exemplo por ser de longe o título de um livro alemão, por exemplo, numa referência à respectiva obra. É o que acontece na crítica de Jaime Fidalgo ao livro de Francisco Abreu "Estratégia - O Grande Debate" na rubrica Estante da revista Pública, quando escreve "Carl von Clausewitz, autor do clássico "On War". Pode-se dizer que não é um erro grave, e até concordo, mas a frequência desta prática revela falta de cuidado de procurar consultar as fontes. Se não é possível, perante a data de envio dos originais para publicação, averiguar o título no idioma original, porque não citar simplesmente em português "Sobre a Guerra"?

quarta-feira, 14 de junho de 2006

Afinal, quantos somos no planeta?

Confesso que estou farto do Mundial. Enormes fotos de primeira página constantemente, páginas e páginas nos jornais e tempo demasiado nas televisões, incluindo nos telejornais, em detrimento de notícias bem mais importantes.
Se até Eduardo Prado Coelho, que afirma gostar de futebol, se queixa do exagero, quem não gosta de futebol como eu ainda tem mais razões para se queixar. Mas paciência, sei que sou uma excepção e o melhor é não me queixar.
Mas não me vou queixar propriamente de futebol, mas sim da falta de precisão de uma afirmação vinda a lume no Público de 2006.06.12:
O título é "O NÚMERO - Mundial de futebol será visto por 33 mil milhões"
Fiquei curioso, 33 mil milhões de quê?
Pois a notícia explica: "Cerca de 33.000 milhões de telespectadores é a audiência esperada para os 64 jogos do Mundial de futebol que decorre até 9 de Julho na Alemanha, segundo indicam as estimativas da agência Infront, ligada à FIFA e especializada na comercialização de direitos de transmissão."
Grande agência esta: Além de garantir que os cerca de 6.000 milhões de seres humanos que habitam o nosso planeta Terra vejam as transmissões, ainda consegue convencer mais 27.000 milhões de extra-terrestres a interessarem-se pelo futebol terreno. É obra.
Será que esta agência poderia encarregar-se de aumentar a audiência do meu blog?
Agora a sério: Seria bom que a notícia explicasse como é feita a estimativa e como toma em conta a inevitável contagem múltipla de quem vê vários jogos (se como suponho é esse o segredo da incongruência do número). Afinal 33.000 milhões para 64 jogos deve corresponder a 516 milhões de telespectadores em média por jogo, o que é enorme mas cabe no planeta. Mas então não são 33.000 milhões de telespectadores, porque o total não faz sentido. Não será assim?

segunda-feira, 12 de junho de 2006

Carrilho e Duarte Pacheco

Tenho evitado neste blog pronunciar-me sobre a controvérsia do não aperto de mão de Carrilho e situações relacionadas, não porque considere o assunto tabu ou porque não tenha opinião, mas porque acho que quase tudo já foi dito. Mas uma carta dirigida por Paulo Varela Gomes ao Público, publicada em 2006.05.16, tem algumas afirmações que me fizeram mudar de ideias e que me apetece comentar. O autor da carta afirma:
"Sobre Carrilho, duas coisinhas que se arriscam a ficar esquecidas no meio da confusão: foi o melhor ministro da Cultura que o país teve desde o 25 de Abril e, se tivesse sido eleito para a Câmara de Lisboa, teria sido, muito possivelmente, a personalidade de que a cidade desesperadamente precisava desde Duarte Pacheco nos anos de 1940."
Apenas duas coisinhas, mas que me parecem bastante discutíveis. Em primeiro lugar, nem toda a gente pensa como o autor da carta que Carrilho foi o melhor ministro da Cultura. Dito assim, parece um facto incontroverso, quando na verdade não passa de uma opinião. Depois, e principalmente, se é geralmente aceite que Duarte Pacheco deixou obra feita como poucos presidentes da Câmara de Lisboa, Varela Gomes não explica porque acha que Carrilho teria "possivelmente" uma personalidade do mesmo calibre. E o ambiente político e financeiro é muito diferente do da época de Duarte Pacheco, pelo que é de presumir que mesmo com a sua personalidade não seria possível hoje fazer obra semelhante.

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Só se morre 10.000 vezes

Segundo a RTP (2006.05.23), muitos portugueses sofrem de hipertensão e por essa causa "mais de 10.000 morrem todos os anos". Dito assim parece que os infelizes morrem várias vezes, mais exactamente todos os anos. Seria mais exacto inverter a posição do sujeito com a do verbo: "Todos os anos morrem mais de 10.000 portugueses por causa da hipertensão". Assim percebe-se que cada um só morre uma vez.

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