quinta-feira, 24 de abril de 2008

Feira Popular

Do blog Estado Sentido:
«Em Entrecampos, o enorme terreno onde outrora se ergueu a Feira Popular, encontra-se limpo de ruínas e aguarda por novas construções. A cidade de Lisboa tem sido privada de espaços de lazer e a Feira Popular foi um grande polo de atracção durante décadas, onde gerações se divertiram no luna park disponível, comemorando aniversários ou participando em patuscadas nos Santos Populares. É um apetecível espaço para o sector betoneiro que domina o país e é com preocupação que os lisboetas imaginam o uso a que está destinado. Será decerto mais um colosso a perder de vista e sem qualquer interesse para a população, com volumetrias disparatadas, alumínios e placas em pedra polida ao gosto de qualquer WC de hotel de Tegucigalpa. Nada de novo.
Lisboa precisa urgentemente de espaços lúdicos adaptados às novas necessidades de uma juventude adepta de novos desportos e formas de lazer. ...»
Acrescentei como comentário:
Embora nos últimos anos a Feira Popular tivesse decaído muito, continuava a ser um espaço de brincadeira e de patuscadas populares que faz falta em Lisboa. Felizmente tive tempo de levar a minha neta a visitar a Feira no último ano de existência, onde ela se divertiu à grande na casa dos espelhos, saltou na cama elástica e se deliciou com algodão doce. Mas sempre pensei que em poucos anos uma nova Feira reabriria noutro local. O longo impasse, mais o drama dos feirantes, é um sinal da incompetência dos nossos governantes.

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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ratificação do Tratado de Lisboa: triste dia

Hoje foi um dia triste, não pelas nuvens cinzentas que se acumularam no céu de Lisboa, mas pelas nuvens negras que a ratificação do Tratado de Lisboa pelo nosso parlamento trará sobre nós.
Um tratado que, pelo pouco que consegui compreender, compromete ainda mais a nossa soberania e terá efeitos nefastos no nosso desenvolvimento e nas relações com os nossos parceiros europeus. Não gosto do tratado pelo que ele representa. Não gosto do tratado pela forma como foi aprovado e principalmente pela forma como foi ratificado à revelia da população e ao contrário do compromisso assumido pelo governo. Não gosto do tratado pela forma como a sua aprovação foi cozinhada entre os grandes e pressionada de forma pouco democrática.
Ouvi há pouco no programa Opinião Pública da SIC-Notícias uma representante da Comissão Europeia afirmar que para mostrar que o tratado devia ser aprovado bastava dar dois exemplos: Que Portugal só tinha ganho com a integração no espaço europeu de livre comércio e que teríamos enormes problemas financeiros se não tivéssemos aderido ao euro, voltando a ter inflações enormes como no passado recente (tento reproduzir o que ouvi de memória e peço desde já desculpa se não corresponder exactamente ao que foi dito). Estes exemplos podem ser pertinentes para defender a nossa integração na CEE, hoje UE, e na zona euro, mas nada dizem sobre a bondade do tratado, porque foi possível aproveitar estas vantagens antes de o tratado existir. Se se pretender que a nossa manutenção na UE e por consequência no euro só é possível com a nossa aprovação do tratado, parece-me uma forma inaceitável de chantagem. Acho que na história da Europa nunca, desde o império de Napoleão, houve um tão grande perigo de subordinação dos pequenos países pelos grandes. Felizmente resistimos a Napoleão, mas não soubemos agora resistir ao directório dos grandes países europeus.

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domingo, 20 de abril de 2008

Política e futebol

Finalmente a vida política em Portugal está a ficar com interesse. É extremamente engraçado ver os comentadores todos baralhados a tentar alinhar as ideias. A inesperada demissão de Menezes obrigou o universo político a pensar em actualizar as estratégias e as alianças. Quem não perdeu tempo foi o secretário-geral do PS, que por acaso também é Primeiro Ministro, a afirmar que o PS é um exemplo de estabilidade. Mas quando disse que nunca um líder do PS tinha fugido teve uma lamentável falha de memória.
Mas mais engraçado ainda é constatar que por muito mal que vão os negócios políticos neste país, os negócios do futebol conseguem ganhar sempre a dianteira na trapalhada e desaforo. Mesmo para quem, como eu, não gosta de futebol, o espectáculo actual de um salvador que diz querer investir 38 milhões de euros e que à primeira fatia que pretende entregar é logo acusado de burla e falsificação é muito triste. Mas talvez tenha uma vantagem: se pelo menos alguns portugueses começarem a ficar enjoados com os negócios futebolísticos e se preocuparem com coisas mais importantes ganha o País.

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quarta-feira, 16 de abril de 2008

Urgências hospitalares: fecho e abertura

Foi notícia e mereceu a presença do Primeiro Ministro a abertura de um novo serviço de urgência em Estremoz, ao que dizem um serviço modelar e que vai ser muito útil. Até aqui muito bem. Mas porque é que nunca o Primeiro Ministro esteve presente nos numerosos fechos de urgências por esse país fora? Nem o antigo Ministro da Saúde nem a actual Ministra? Se os fechos são para o bem das populações, qeu um dia hão-de reconhecer e louvar estas alterações, como afirmava o ex-ministro Correia de Campos com um ar convencido, então seria de fazer os encerramentos dos serviços com pompa e circunstância e com a presença de individualidades importantes, talvez até com descerramento de lápides cobertas com a bandeira nacional, que rezariam mais ou menos assim: "Aos tantos de tal foi o antigo Serviço de Urgência deste Hospital tal e tal encerrado por Sua Excelência Sr. ... para o bem da saúde das populações desta terra, que doravante precisarão de se deslocar tantos km para a urgência mais próxima, se conseguirem chegar lá". E esta heim?

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quarta-feira, 9 de abril de 2008

Acordo ortográfico

Sou daqueles que acham que o acordo ortográfico foi mal acordado e deveria ainda ser parado. Não porque seja por princípio contra qualquer modificação da ortografia da língua portuguesa, já houve outras alterações ao longo dos séculos e a nossa língua só ganhou em clareza e simplicidade em quase todos as actualizações. Não me imagino a escrever "pharmacia" ou "chimica". Também não é por achar que a uniformização com o português tal como se escreve no Brasil seja um crime de lesa língua. Simplesmente acho que muitas das alterações propostas são disparatadas e nunca deveriam ter sido aprovadas, correspondam ou não à maneira como se escreve no Brasil.
Um dos aspectos que me deixa perplexo é a eliminação de assentos em palavras graves para evitar confusão com palavras homógrafas. Atente-se nas frases, não demasiado forçadas:
«O filho grita: “Pai, pára, pára para eu poder sair do carro.” O pai pára para deixar o filho na escola.»
«O dono passa a mão pelo pêlo do cão, que abana a cauda com prazer.»
Passarão a escrever-se:
«O filho grita: “Pai, para, para para eu poder sair do carro.” O pai para para deixar o filho na escola.»
«O dono passa a mão pelo pelo do cão, que abana a cauda com prazer.»
Acham bem?

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terça-feira, 8 de abril de 2008

Violência na Escola - E os direitos de autor?

Embora tardiamente, não podia deixar de comentar também, como pelo menos 20 milhões de blogers portugueses (com um pouco de exagero), o célebre vídeo da cena de violência na escola. Como quase tudo já foi dito, coisas muito certas, coisas inócuas e coisas disparatadas, resta-me comentar um aspecto que me parece importante, mas que até agora, que eu saiba, ninguém abordou: a questão dos direitos de autor.
Passo a explicar: O aluno que filmou a cena no seu telemóvel pode ter cometido faltas graves ao fazê-lo: 1) Falta de disciplina, partindo do pressuposto de que essa filmagem era proibida na sala de aula com a aula a decorrer, embora de um modo sui generis; 2) Falta de respeito pela privacidade dos intervenientes, já que filmou uma cena num local não público e sem a autorização da professora e da aluna, nem dos restantes colegas que aparecem mais fugitivamente; 3) Falta de delicadeza, pelas expressões que dirigiu aos colegas e pela maneira como tratou a professora por "a velha".
Mas o que é certo é que os meios de comunicação usaram e abusaram do seu trabalho para divulgar o caso e atrair audiências e as instâncias disciplinares o utilizarão, suponho, como meio de prova.
Portanto, apesar das faltas pelas quais poderá e deverá ter a devida punição, cabe-lhe a autoria de um filme que se tornou num best-seller e é justo que tenha a devida recompensa, se não como prémios cinematográficos, pelo menos sob a forma de direitos de autor. À atenção da SPA.
E esta hem?!

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