sábado, 30 de agosto de 2008

Ainda a Ossétia, a Abcásia e o Kosovo (ou Cosovo?)

Não resisto a citar integralmente a mensagem do blog Quarta República:

«Os casos do Kosovo, da Ossétia do Sul e da Abcásia

A firmeza com que o Ocidente procura manifestar a sua oposição ao reconhecimento pela Rússia da independência da Ossétia e da Abcásia está obviamente abalada na sua credibilidade. Carecendo de credibilidade, não tem efectividade. É a efectividade que domina nas relações entre Estados.
No início do ano as principais potencias europeias e os EUA rejubilaram com a declaração unilateral da independência do Kosovo, desprezando a aquisição de séculos de diplomacia que ensina que nas relações internacionais o gesto mais delicado é justamente o reconhecimento de novas soberanias, sobretudo - como neste caso - quando tal gesto é susceptível de alterar equilíbrios regionais.
Na Europa, poucos líderes revelaram a prudência e a sabedoria que o caso justificava. Um deles contrariou o clima de excitação que se gerou com a ideia do nascimento de mais um Estado e com as promessas de fornecer a incubadora, tal era a fragilidade do nascente, ao dizer que «toda a declaração unilateral de independência gera grande preocupação. Devemos continuar a analisar a evolução da situação e, em devido tempo, envolvendo todos os órgãos de soberania, tomar uma decisão». Avisou que o seu País não tinha de se precipitar no reconhecimento de um Estado numa região onde a autonomização plena daquele território era factor de agravamento de uma estabilidade precária.
Foi em 22 de Fevereiro de 2008, o líder chama-se Cavaco Silva e é Presidente de uma das repúblicas com menos influência na União Europeia...
posted by JM Ferreira de Almeida @ 12:18»

Tenho de reconhecer que já me referi ao assunto, mas sem a mesma propriedade em tão poucas palavras.

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terça-feira, 26 de agosto de 2008

Ossétia e Abcásia

Perguntava eu há dias qual a diferença entre a situação do Kosovo, independentado à força contra a vontade do país em cujo território se integrava, e a Ossétia do Sul, integrado juridicamente num país que não tem qualquer controlo sobre o seu território ou a sua população (quando tentou à força retomar o controlo, deu no que deu).
A mesma dúvida assaltou o espírito do presidente da Rússia, e vai daí resolveu fazer o mesmo que a OTAN tinha feito no Kosovo.
Assim se confirma que o precedente do reconhecimento da independência do Kosovo foi perigoso e irresponsável.
Como Santos Pereira afirmou há pouco na SIC-Notícias, a escalada de violência verbal e a impossibilidade de qualquer das partes em confronto, Rússia por um lado e Estados Unidos acompanhados pela OTAN e por muitos países ocidentais, voltar atrás sem perderem a face leva a temer que se possa passar da violência verbal para outros tipos de violência.
Como pano de fundo, a dependência energética da Europa, principalmente do centro e Leste, da Rússia vem complicar o problema.
Fala-se no regresso da guerra fria. Esperemos que se mantenha o mais fria possível.

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domingo, 17 de agosto de 2008

Ainda o PIB, ou melhor, a sua variação

Como disse na mensagem anterior, pouco percebo de economia, já que a cadeira de economia que fiz com o saudoso professor Daniel Barbosa foi muito rápida e apenas incidiu sobre os rudimentos da econometria. Então de economia política limito-me a ser um espectador atento e interessado.
Mas fiquei satisfeito por ver confirmada a minha tese sobre as razões para as caras tristes dos ministros que anunciaram as boas novas de crescimento económico, diminuição de desemprego e baixa da inflação. No que respeita ao PIB, conforma-se (Público do dia 15) que apesar de o nosso crescimento ter sido no 2.º trimestre superior ao da zona euro, invertendo a tendência do trimestre anterior, em termos homólogos continuamos a divergir. Essa informação foi calada prudentemente, seguindo os ensinamentos de Vitalino Canas, que afirmava há pouco que os maus resultados devem ser calados e os bons salientados (Goebels não diria melhor). Os ministros ainda têm uma réstea de vergonha e sabiam que a informação era incompleta e tendenciosa, daí não conseguirem apresentar expressões que condissessem com as boas notícias.

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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

PIB

O governo apresentou solenemente os resultados do INE para o crescimento do PIB, para a inflação e para o desemprego, salientando a melhoria e os aspectos positivos frente aos valores correspondentes da zona euro e da UE no seu conjunto. No entanto, as expressões graves dos ministros que tiveram a missão de anunciar estes bons resultados não correspondiam em absoluto com a bondade das notícias. Era de desconfiar. A primeira razão que me ocorreu para as caras tristonhas dos mensageiros das boas novas foi que se os nossos resultados eram momentaneamente melhores dos que os da Alemanha, da França (ambos negativos no que se refere à variação do PIB) e da Espanha, seria de esperar, acho eu que pouco percebo de economia, que aqueles piores resultados dos nossos principais clientes viessem a afectar a nossa economia nos trimestres seguintes. Continuo a pensar que esta razão é muito válida, principalmente depois de ter ouvido as opiniões de Helena Garrido e de Camilo Lourenço. Mas outra razão tornou-se evidente depois de lembrar, via Público que cita hoje resultados do INE e do Eurostat para as variações do PIB até ao 1.º trimestre, que nesse trimestre a zona euro cresceu 0,7% e Portugal -0,2%. Os resultados do 2.º trimestre agora conhecidos, embora em si positivos, não compensam, em comparação com os restantes do euro, os péssimos resultados do período anterior. Os ministros sabiam disso, mas por uma questão de enfatizarem apenas os aspectos positivos, calaram-no e sentiam-se comprometidos por essa omissão, talvez encomendada de cima.

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terça-feira, 12 de agosto de 2008

Ossétia do Sul e Kosovo: semelhanças e diferenças

Hoje tenho duas grandes dúvidas:

1

Qual a diferença entre o Kosovo e a Ossétia do Sul? Ambos são parte integrante de um país internacionalmente reconhecido e com fronteiras estabelecidas, embora no caso da Ossétia não saiba se a Rússia reconhece a fronteira da Geórgia, já no caso do Kosovo, creio que a fronteira da Sérvia não oferecia dúvidas. Ambos têm uma população maioritariamente de uma etnia ou língua e cultura diferente da do país em que se integram. Ambos pretendem a independência e têm uma autonomia de facto próximo daquela. Porquê num caso a independência foi estabelecida à força e apoiada pelos principais países ocidentais e no outro se nega o mesmo estatuto?

2

Que critérios são seguidos no direito internacional para provilegiar a integridade territorial (como no caso da Ossétia) ou o direito à autodeterminação dos povos (como no Kosovo)?

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terça-feira, 5 de agosto de 2008

Mário Soares tem opinião idêntica à do Bloco de Esquerda

Noticiou-se hoje que Mário Soares declarou numa entrevista que a comunicação ao país de Cavaco Silva tinha sido inoportuna e infeliz e teria feito melhor em falar dos verdadeiros problemas dos portugueses, tais como o desemprego, a crise económica, o fraco crescimento, etc.. (Cito de memória.)
Curiosamente estes argumentos coincidem com os do deputado do BE que no dia seguinte ao da comunicação opinou sobre ela.
Já aqui expressei a minha opinião sobre a oportunidade e a importância da comunicação e me admirei sobre a quase unanimidade de opiniões negativas dos principais comentadores políticos, incluindo os hodiernamente chamados politólogos.
Mas esta ideia comum a Mário Soares e ao BE de que o PR deveria ter falado sobre problemas como o desemprego e a crise económica deixa-me perplexo. Que haveria Cavaco Silva de dizer? Que o desemprego está muito elevado, que isso é mau e que o governo deve tomar medidas, como prometeu, para o combater? Deveria propor soluções? Deveria declarar que chamaria Sócrates e lhe faria um ultimato; se não baixasse o desemprego, seria despedido? Suponho que é fazer justiça à inteligência de Mário Soares crer que não teria isto em mente, mas então que acharia ele que Cavaco deveria ter dito? Trocando «desemprego» por «crise» ou por qualquer outro dos problemas citados, também não vejo o que caberia ao PR dizer. A maioria da população não percebeu a gravidade da questão posta pelo PR (que não foi o Estatuto Político-Administrativo dos Açores, mas sim o equilíbrio dos poderes dos órgãos de soberania), mas entenderiam se Cavaco tivesse feito uma alocução sobre o desemprego e a crise?

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