A firmeza com que o Ocidente procura manifestar a sua oposição ao reconhecimento pela Rússia da independência da Ossétia e da Abcásia está obviamente abalada na sua credibilidade. Carecendo de credibilidade, não tem efectividade. É a efectividade que domina nas relações entre Estados.
No início do ano as principais potencias europeias e os EUA rejubilaram com a declaração unilateral da independência do Kosovo, desprezando a aquisição de séculos de diplomacia que ensina que nas relações internacionais o gesto mais delicado é justamente o reconhecimento de novas soberanias, sobretudo - como neste caso - quando tal gesto é susceptível de alterar equilíbrios regionais.
Na Europa, poucos líderes revelaram a prudência e a sabedoria que o caso justificava. Um deles contrariou o clima de excitação que se gerou com a ideia do nascimento de mais um Estado e com as promessas de fornecer a incubadora, tal era a fragilidade do nascente, ao dizer que «toda a declaração unilateral de independência gera grande preocupação. Devemos continuar a analisar a evolução da situação e, em devido tempo, envolvendo todos os órgãos de soberania, tomar uma decisão». Avisou que o seu País não tinha de se precipitar no reconhecimento de um Estado numa região onde a autonomização plena daquele território era factor de agravamento de uma estabilidade precária.
Foi em 22 de Fevereiro de 2008, o líder chama-se Cavaco Silva e é Presidente de uma das repúblicas com menos influência na União Europeia...