quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Assim se vê a força da CGTP

A observação do Primeiro-Ministro de que as manifestações hostis com que se tem recentemente defrontado com cada vez mais frequência são orquestradas pela CGTP e não sinais de descontentamento das populações leva-me à conclusão que a CGTP tem afinal muito mais força do que se pensava e uma enorme implantação em todo o País.

E apesar de afirmar não ser afectado por essas manifestações, Sócrates afinal achou melhor ceder e mandar embora o ministro Correia de Campos. Veremos se em boa hora.

Etiquetas:


quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Assistência médica no parque de estacionamento

Como é possível afirmar que o melhor sítio para assistir uma criança em risco de vida é o parque de estacionamento de um hospital? Como se pode explicar que quem fez declaração tão surrealista não seja um igorante ou um humorista, mas sim o Ministro da Saúde?? E que depois de deixar sair tais palavras não se tenha demitido ou não tenha sido demitido, principalmente depois do fim trágico. Até admito que possam ter razão os pais da criança quando dizem que a assistência foi pronta e que não têm razão de queixa. Mas daí a afirmar tamanha enormidade vai uma enorme distância. Se não fosse tão trágico, até se poderia alvitrar que então se deixassem de construir hospitais, que são caríssimos, e se ficasse pelos parques de estacionamento, com umas tantas ambulâncias para dar assistência aos doentes.

Etiquetas:


quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Cheiro a gás e disparates

Seria hilariante se não fosse triste. Claro que os jornalistas não necessitam de ser licenciados em química, mas nesta como em todas as disciplinas devem evitar dizer disparates e quando não sabem do assunto devem ter todas as precauções, limitando-se a repetir o que ouviram a entendidos. Também é possível que tenham sido os pseudo-entendidos disponíveis no momento que deram origem aos disparates. Vamos a factos:
Desde ontem (2008.01.16) que vários meios de comunicação deram a notícia de que se espalhara por ampla zona de Lisboa um cheiro intenso "a gás " de origem desconhecida. Só muito tarde, já pela noite dentro, se descobriu que o cheiro provinha de um frasco quebrado de cerca de 50 mL de capacidade encontrado num baldio perto do ISCTE. A substância que estava contida no frasco e apontada como tendo originado o cheiro seguiu para análise, mas logo houve quem falasse em "cheiro a enxofre ".
O jornal Público de hoje noticiava com algum relevo "Frasco com ácido sulfídrico deverá estar na origem do intenso cheiro a gás em Lisboa ".
Hoje foi revelado o resultado das análises de identificação da substância mistério contida no frasco, que afinal não teria 50 mL, mas sim 100 ou 200, conforme as opiniões. A "substância era SH: enxofre e hidrogénio (tiol) " segundo o texto em rodapé que acompanhou a notícia no Telejornal da RTP. Foi mais tarde referido que o frasco teria "enxofre " e que o seu conteúdo seria "ácido sulfídrico ", a sibstância usada nas "garrafinhas de mau cheiro " carnavalescas.
Tentemos clarificar algumas noções:
1) O enxofre, enquanto substância química elementar, é um pó amarelo inodoro.
2) Muitos compostos de enxofre têm diferentes cheiros, mais ou menos desagradáveis.
3) SH: não significa nada em química; H2S é o símbolo químico do sulfureto de hidrogénio, também conhecido por ácido sulfídrico, composto que resulta da combinação de enxofre com hidrogénio e que têm um cheiro muito intenso a ovos podres. (Muito usei o ácido sulfídrico nas aulas de Análise Inorgânica, no velho laboratório do IST. Era por esta razão que os alunos de Engenharia Química eram conhecidos como "os malcheirosos"!)
4) Os tióis são compostos orgânicos de enxofre de fórmula geral R-SH, antigamente chamados mercaptanos, também eles com cheiros desagradáveis semelhantes ao do sulfureto de hidrogénio.
5) O tiol mais vulgar é o etanotiol ou etilmercaptano de fórmula C2H5SH, que é utilizado para dar cheiro ao gás de cidade ou ao gás natural a fim de permitir mais facilmente detectar fugas.
6) O etanotiol ou etilmercaptano é muito inflamável, nocivo por inalação e tóxico para organismos aquáticos. O sulfureto de hidrogénio é mais perigoso: extremamente inflamável, muito tóxico por inalação e muito tóxico para organismos aquáticos. Para ambos é válida a seguinte indicação de precaução: "Evitar a libertação para o ambiente."
Ficamos sem saber afinal de que substância se tratava ao certo.
A explicação dada hoje de que teria sido uma funcionária de um laboratório da Faculdade de Farmácia que teria deixado o frasco no local onde foi encontrado por este se ter rachado não merece mais comentários.

Etiquetas:


sábado, 12 de janeiro de 2008

Crenças e política

No "Umblogsobrekleist" li a seguinte notícia:

«CH-CH-CHANGES:
Em resposta à pergunta de um entrevistador, Nick Clegg, recentemente eleito líder do partido Liberal Democrático, em Inglaterra, afirmou não acreditar em Deus.

Pessoalmente, acho que tem escassa relevância o facto de este ou aquele líder político acreditar ou não em Deus. Trata-se de uma questão do foro pessoal. O que me interessa, e muito, é saber se a pessoa em questão deixa que as suas crenças interfiram nos seus processos de decisão, o que pensa sobre a separação Igreja/Estado, e se é mais ou menos imune às pressões exercidas por sectores religiosos na vida pública. Entre outras coisas.

Contudo, há que admitir ser positivo e salutar para uma democracia que o líder de um partido com alguma expressão se sinta à vontade para manifestar a sua não-crença, sem rodeios nem tergiversações. Em quase todas as épocas do passado das democracias, e, ainda hoje, em muitos países, isso seria equivalente a suicídio político (sem prejuízo de outras consequências desconfortáveis para a pessoa jurídica ou física do indivíduo).»

Desta notícia e do seu comentário, com que estou totalmente de acordo, saliento contudo um aspecto não focado: Se é verdade o que ouvi na TV e aqui relatei (em 23 de Dezembro último) que, por força de leis britânicas do século XIX, o primeiro-ministro tem obrigatoriamente de professar a fé anglicana (a propósito da conversão ao catolicismo de Blair), então forçosamente teremos de admitir que Nick Clegg, mesmo que o seu partido obtenha a maioria em eleições no Reino Unido, nunca poderá vir a ocupar o cargo de primeiro-ministro! Será assim. Será afinal o democrático Reino Unido um estado confessional?

Etiquetas:


quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Deviam ter vergonha


Era inevitável, mas mesmo assim é de nos congratularmos pela decisão do governo de optar por Alcochete para construção do novo aeroporto de Lisboa. Mas se o estudo do LNEC tivesse optado por uma posição dúbia, limitando-se a expor uma série de vantagens e inconvenientes não conclusivos, e se o governo não tivesse reconsiderado a sua posição teimosamente mantida por demasiado tempo apesar das evidências de que seria desastrosa para o País, não nos admiraríamos muito, conhecida a arrogância e obstinação do primeiro-ministro Sócrates noutros assuntos, e mesmo neste até há pouco. Sem dúvida que o grande derrotado é o ministro Mário Lino, que se tivesse um mínimo de vergonha e verticalidade não teria outra opção senão demitir-se. (E tenho pena de dizer isto, porque conheci de perto Mário Lino quando estudante e tinha consideração por ele. A fotografia do ministro quando jovem que acompanha esta mensagem é repetida da minha mensagem de 7 de Junho do ano passado)

Mas o que mais me chocou neste longo e tortuoso assunto foi a posição assumida pelo ministro e não desautorizada na altura pelo PM de que a opção pela OTA teria de ser mantida porque não eram conhecidos estudos que defendessem qualquer alternativa, mas se alguém apresentasse um estudo com outra localização, então o governo poderia considerá-la. Então para que temos governo? Para ficar passivamente à espera que alguém faça o seu trabalho? Não será função do governo procurar a melhor solução para os problemas do País sem se limitar às opções que lhe são oferecidas? Para mais já muitas e abalizadas opiniões tinham posto em causa a localização na OTA por razões graves. Este aspecto não tem sido devidamente salientado.

Sem dúvida que agora o governo fez bem em recuar, mas os elogios que alguns lambe-botas ou fieis do PS se apressaram a fazer não têm razão de ser. Se o governo ficou mal por ter de renegar o que até há pouco defendia encarniçadamente, seria muitíssimo mais grave se tivesse mantido a sua posição errada.

Etiquetas:


domingo, 6 de janeiro de 2008

Não mais sacrifícios, diz ele!

O Ministro Teixeira dos Santos afirmou solenemente, à saída do Conselho de Ministros informal de hoje, que os portugueses não vão necessitar de fazer, no ano que agora começa, mais sacrifícios como os que lhe foram pedidos [eufemismo para "impostos" ("impostos" do verbo impor, não apenas no sentido de contribuições fiscais)], pelo governo de que faz parte, nos anos anteriores.
Pela minha parte alegro-me, porque espero que coerentemente o Ministro altere rapidamente o Orçamento de Estado no sentido de
1) aumentar as pensões dos pensionistas que ganham mais de 611 € pelo menos tanto como a inflação prevista, em vez dos 1,9 % divulgados e menos ainda para as pensões mais elevadas;
2) rever no fim do ano e compensar a perda no que se refere à diferença entre a inflação prevista (2,1 %) e a que se vier a verificar (como tudo indica, muito superior);
3) repor a dedução específica em sede de IRS dos pensionistas, prejudicados com a sua redução (e consequente aumento do imposto cobrado) em dois anos consecutivos com promessa de continuar a baixar nos anos futuros.
Assim talvez se possa considerar que não haverá novos sacrifícios, conforme a promessa do Ministro. Caso contrário a declaração não pasa de um embuste.

Etiquetas:


Eu tinha razão: a confiança dos portugueses no futuro está em baixo

Não posso dizer que fiquei espantado nem que fiquei satisfeito, mas a minha sondagem particular com uma amostra de apenas um português (que era uma portuguesa) deu exactamente o mesmo resultado que a do INE divulgada apenas dias depois e que certamente foi feita com base numa amostra muito mais ampla e suponho que elaborada com maior rigor científico: a confiança dos consumidores portugueses está em baixo. Está visto que para certas conclusões o senso comum é suficiente (ou então foi uma grande coincidência)

Etiquetas:


terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Sondagem particular sobre confiança dos portugueses

Efectuei, embora inesperada e involuntariamente, uma sondagem altamente significativa sobre a confiança dos portugueses no futuro. Estava eu a pagar as compras na caixa do supermercado e a empregada da caixa desejou-me delicadamente bom ano. Retribui-lhe os votos de felicidade, mas a senhora que me seguia na caixa estragou o bom momento declarando: "Bom ano? Era bom, mas não vai ser nada bom!". E aqui está o resultado da minha sondagem:
A ficha técnica desta sondagem é mais ou menos a seguinte: Opinião não solicitada de uma portuguesa do Distrito de Lisboa. Amostra: 1 portuguesa. Não se sabe se tem telefone fixo nem em quem votou nas últimas eleições legislativas (Não tive a lata de lhe perguntar.). Margem de erro: mínima para uma significância de 99%.
Portanto, não há dúvida: Os portugueses não têm confiança no futuro e não têm qualquer esperança de que o ano de 2008 seja bom.

Etiquetas:


This page is powered by Blogger. Isn't yours?