segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Milho transgénico e vandalismo

Apesar de ter feito um mestrado em biotecnologia, confesso que não tenho a certeza se a cultura de milho transgénico tem mais vantagens do que inconvenientes. Mas para mim a questão é científica e não política. Mesmo assim sei que na União Europeia as culturas transgénicas só tiveram autorização para serem introduzidas após longa deliberação e sob regras estritas. A deliberação foi justa, foi influenciada por interesses comerciais, as regras são suficientes para assegurar a segurança destas culturas? Confesso que não sei.

Mas perante os últimos acontecimentos no Algarve, em que activistas de uma organização chamada Eufémia Verde atacaram e destruíram uma plantação legal e devidamente autorizada sem terem em consideração ser propriedade privada, não é a bondade ou os eventuais malefícios do milho transgénico que estão em causa. Espanta-me que um dos membros do grupo, que se auto-intitulou activista político, tenha procurado justificar uma acção violenta alegando o "direito de manifestação". Espanta-me que um deputado português ao Parlamento Europeu confesse a sua "simpatia por esta acção" destrutiva, espanta-me que se fale de "desobediência civil".

Não, não se tratou de uma manifestação. Os que pensam que os transgénicos são perigosos ou inconvenientes por qualquer razão podem manifestar-se à vontade. Podem fazer ouvir as suas razões e tentar convencer os outros. Não podem é destruir bens alheios. Isso não é uma manifestação, é vandalismo. Como é que um deputado se coloca do lado dos transgressores? Pode manifestar a sua simpatia pela causa contra os transgénicos, mas já não se compreende que simpatize com uma acção ilegal e violenta. Coitado do Gandhi, se soubesse que significado estes activistas dão agora à expressão "desobediência civil".

Eu pensava que as acções violentas e os actos de vandalismo que acompanham normalmente as manifestações antiglobalização eram causados por extremistas infiltrados. Perante estas justificações, parece-me que, pelo menos neste caso, são intrínsecos à acção.

Etiquetas:


This page is powered by Blogger. Isn't yours?