quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Alvin Toffler

Ouvi com certa admiração a entrevista que Alvin Toffler deu a Mário Crespo hoje na SIC. Mas mais admirado fiquei quando no final o entrevistado declarou candidamente que apoiava e votaria em Barack Obama não pelas suas ideias ou pelo seu programa mas por ser negro e já ser tempo de os Estados Unidos terem um presidente negro. Se isto não é racismo, então já não sei o que será racismo. Quando um intelectual da craveira de Alvin Toffler defende a elevação ao mais alto cargo da grande nação de um homem com base na cor da pele, só resta pensar que a idade já pesa ou que, apesar de ter escrito dois livros importantes, tem o seu ponto fraco. Se tivesse defendido a candidatura de Obama pelas suas ideias políticas, tudo bem, mas de acordo com as suas palavras o que lhe agrada é a cor!

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Velhinhos a trabalhar

Do blog Blasfémias:
Mais de metade dos 55-64 ainda trabalham», titula-se hoje no Público.
E pergunta-se: e porque não haveriam de trabalhar?
Obviamente quem escreveu aquele título está desiludido, frustado nas expectativas que construiu.
Com exactamente os mesmo dados, a conclusão inversa é que seria notícia:«Quase metade dos 55-64 não trabalha».”

Foi exactamente o que pensei quando li a notícia. Então não é suposto a idade normal da reforma ser aos 65 anos? Quem se reforma antes disso será por doença, pelo menos no sector privado, supunha eu. Tendo em conta esta notícia, não será preciso aumentar a idade da reforma para assegurar a sustentabilidade do sistema, apesar do envelhecimento da população e do aumento da esperança de vida; bastará fazer com que as pessoas se reformem mesmo aos 65 anos e não antes.
E será que o estudo citado na notícia do Público teve em conta as pessoas que se reformaram mas continuam a trabalha noutro tipo de trabalho menos exigente?

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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Disparates: unidades de potência e energia

Um dos blogs meus preferidos é o A Pente Fino (O Blog Cata-Disparates)
http://apentefino.blogs.sapo.pt
Denuncia regularmente muitos dos disparates que a imprensa e outros meios publicam com frequência inquietante. Pena é que dedique a sua atenção quase só a disparates em notícias sobre economia ou que mencionem números e percentagens, esquecendo quase sempre os disparates científicos e técnicos, que são muitos.

Um classe de disparates quase diários é o que se refere a unidades de grandezas físicas e dentre estas as que dizem respeito a medições de potência ou de energia.

Hoje, por exemplo, a propósito das propostas do governo para poupança de energia, disseram na SIC que os consumidores que gastassem menos de 2 MW seriam beneficiados com uma redução de preço, enquanto que os que consumissem mais de 4 MW teriam os preços agravados. Ao mesmo tempo mostravam no ecrã 2 MW/h e 4 MW/h. Ambas as coisas são disparatadas e os MW/h (megawatts por hora) são um erro de palmatória. MW é uma unidade de potência e portanto não corresponde a consumos. Seria o mesmo que dizer que o meu automóvel tem uma potência de 100 cavalos por hora! Ao fim de 24 horas calculem a enorme potência que teria. MW/h não tem qualquer significado físico, a não ser que se referisse a um ritmo de instalação de geradores. Claro que queriam dizer MWh (ou seja MW.h), ou seja megawatts-hora, que é sim uma medida de energia. Basta olhar para as nossas facturas de electricidade para ver que os nossos consumos são dados em kWh. Uma unidade de potência (W, kW ou MW) vezes uma unidade de tempo (hora) dá energia. Assim W é uma unidade de potência, como os chamados cavalo-vapor CV ou a cal/h (caloria por hora). Wh é uma unidade de energia, como a caloria ou o joule (J, a unidade SI). Um Wh por hora é, evidentemente, 1 W. Será assim tão difícil?

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domingo, 17 de fevereiro de 2008

Manifestações e democracia

Achei muito graves as declarações do primeiro-ministro em como a manifestação de professores que o vaiou à porta da sede do Parido Socialista, quando se preparava para entrar para uma reunião com professores socialistas, em como a manifestação era "inadmissível e anti-democrática".
Que é democracia para Sócrates? Só são democráticas as manifestações de apoio (cada vez mais raras, apesar de ele estar convencido, ou nos querer convencer, que age para o bem de todos e que estamos no bom caminho)?

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A Vénus de Cranach



Que terá causado o ataque agudo de pudicícia que atingiu os excelentíssimos administradores do metro de Londres e os levou a rejeitar que a magnífica pintura que representa a Vénus, de Lucas Cranach, pudesse figurar no cartaz de uma exposição na Royal Academy of Arts? Apesar de terem depois recuado, a recusa inicial, com o pretexto de que era "abertamente sexual" e de que poderia ofender a sensibilidade de alguns olhares só nos faria sorrir se não fosse um sinal da crescente preocupação com o politicamente correcto mais primário.
A representação de Vénus é abertamente sexual? Que outra coisa poderia ser? É claro que o amor tal como é compreendido hoje não se resume ao amor sexual, mas se Vénus é a Deusa do Amor é exactamente no sentido do amor sexual, penso eu.
Por outro lado, seja Vénus, Olímpia ou outros nus femininos ou masculinos há muito que deixaram de ser considerados chocantes. O corpo humano, belo ou feio, não deve ser motivo de escândalo.
Por isso, aqui reproduzo não só uma Vénus de Cranach, mas duas, a do cartaz e a do quadro, pintado em 1532 que o dito cartaz representa.

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domingo, 10 de fevereiro de 2008

Tribunais da sharia na Europa e multiculturalismo

A opinião expressa pelo arcebispo de Cantuária, Rowan Williams, de que a adopção de alguns aspectos da lei islâmica, sharia, no Reino Unido "parece inevitável", segundo uma entrevista dada por este, causou grande celeuma e com razão. Apesar de posteriormente ter negado que tivesse defendido a integração da lei islâmica no direito britânico, as opiniões expressas são suficientemente claras para provocarem repulsa. Quanto a mim são extremamente perigosas e revelam uma mente distorcida, principalmente ao defender que, com esta adopção, se poderia aumentar a coesão social. Para não comentar sem conhecimento suficiente de causa, li na íntegra a notícia sobre a entrevista dada à radio 4's World at One. O arcebispo não esclarece suficientemente quais os aspectos da sharia que deveriam ser adoptados (apenas cita como exemplos "disputas matrimoniais " e "questões financeiras "), embora repudie os aspectos "inumanos" que estão em vigor em alguns países muçulmanos. Será portanto muito difícil estabelecer os limites e decidir quem e como se destrinçam os aspectos aceitáveis e os inumanos. Além disso o sr. Williams também não diz em que consistirá essa adopção inevitável da sharia; só sabemos que não será por integração nas leis nacionais. Parece poder concluir-se que seria permitido aos interessados recorrer a tribunais islâmicos se ambas as partes estivessem de acordo nesse sentido. Mas por outro lado apresenta como razão para as suas sugestões que "muitos cidadãos não se reconhecem no sistema legal britânico". Pode então perguntar-se: e se as decisões dos ditos tribunais islâmicos forem contrárias à lei britânica? Poderá haver recurso de uma das partes? Mesmo contra a opinião da outra parte? Também não se sabe se apenas os muçulmanos poderiam recorrer a estes tribunais? E se dois cidadãos britânicos ou residentes no Reino Unido não muçulmanos achassem que as disposições da sharia ou o modo de resolver conflitos dos tribunais islâmicos lhes convinham?
Não se consegue descortinar como isto contribuiria para a coesão social. A mim parece-me exactamente o contrário.
De qualquer modo, a ideia de que num mesmo país se poderá escolher os tribunais e as leis de entre diversos sistemas possíveis, conforme o grupo religioso em que se integrem parece completamente obstruso. Para mim isto já não é multiculturalismo, é ghetização cultural.

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