terça-feira, 30 de setembro de 2008

A crise, a incerteza e os limites

Não consegui resistir mais: Fui à estante, procurei e tirei 3 livros: "O Colapso da Bolsa, 1929" e "A Era da Incerteza", de Galbraith, e "Os Limites do Crescimento" de Donella e Dennis Meadows e outros (Clube de Roma). Há que relê-los atentamente.
Os dois de Galbraith estão actualíssimos, mas o último, tão vilipendiado na época em que foi publicado e praticamente considerado um falhanço dado o crescimento que se seguiu e que parecia sem limites, merecia ser novamente estudado e actualizado.

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sábado, 27 de setembro de 2008

Leite chinês

A China pôs com êxito em órbita uma nave tripulada e um dos cosmonautas fez já um passeio no espaço. É o 3.º país a conseguir a proeza. Claro que é importante, é um sinal de desenvolvimento tecnológico e deve ser motivo de orgulho para os chineses.
Mas cabe perguntar: Será que entre as rações que os cosmonautas chineses levaram para consumir durante a sua estadia no espaço levam leite ou lacticínios chineses? Se levam, cuidado! Chamem a ASAE.

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terça-feira, 23 de setembro de 2008

Magalhães; o Fernão não tem culpa

Leio no Público:
«Os professores vão ter um "papel importante" na inscrição dos alunos no programa e-escolinhas que permite às crianças do 1.º ciclo obter um portátil com acesso à Internet (sic, porquê com maiúscula), informa o gabinete de comunicação do Plano Tecnológico da Educação. Os docentes vão dar os códigos, depois de os pais seleccionarem a operadora (Optimus, Vodafone, TMN ou Zon) e aceitarem as condições de adesão. Os computadores serão enviados para as escolas. Será gratuito para os alunos inscritos no 1.º escalão da acção social escolar; custará 20 euros para os do 2.º escalão e 50 para os restantes.»
Entendo pois que, depois de provado que o computador português pouco ter de protuguês, o preço a que fica pode não ser apenas os 0, 20 ou 50 €, já que haverá «condições de adesão» (para o acesso à internet, claro). É a primeira vez que oiço falar da existência destas condições, mas nada sei sobre elas a não ser que existem.
Se for como os célebres computadores a 150 € que foram alegremente distribuídos por ministros e secretários de estado em várias sessões de propaganda, a factura final será bastante mais pesada.
Neste caso, como «Os computadores, embora pertencentes aos alunos, vão ser usados em sala de aula» parece-me que poderá ocorrer uma flagrante desigualdade entre os alunos, penalizando os que não aderirem ao programa e não tiverem o seu Magalhães. Se é um instrumento de estudo, deveria ser, como os livros e os cadernos, obrigatório, com um preço correspondentemente acessível a todos.

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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Trichet: boa entrevista, má tradução


No passado dia 11, a SIC-Notícias transmitiu uma importante entrevista ao presidente do Banco Central Europeu, Claude Trichet pelo jornalista de economia José Gomes Ferreira.
A entrevista foi bem conduzida e, embora não trouxesse grandes novidades, foi muito esclarecedora sobre a estratégia que conduz o BCE e o pensamento do seu presidente. Nos tempos de tão grande turbulência financeira é importante que os leigos como eu tenham uma informação credível e compreensível sobre estes assuntos que acabam por afectar profundamente o nosso bem-estar.
É pena que a tradução do diálogo entre o entrevistador e o entrevistado tenha sido tão deficiente. Felizmente ainda sou do tempo em que se ensinava o francês como primeira língua estrangeira e pude seguir a entrevista sem depender das legendas.
Para além de certas expressões de equivalência duvidosa, como traduzir «c’est à dire» por «ou melhor» (porquê «melhor», quando nós temos «isto é» e «ou seja»?) e «Les banquiers centraux» por «Os governadores dos bancos centrais» (Lá porque nós designamos o dirigente máximo do nosso banco central por «governador», parece-me inútil mudar o título dado por Trichet para a designação local.), houve erros de palmatória da tradução que revelam grande incompreensão do original francês e afectam de modo absoluto o sentido.
Apenas dois casos exemplares e graves:
1)
Trichet: «le solide ancrage des antecipations d’inflation, c’est à dire, de l’inflation que les ménages, les agents économiques, les entreprises, les partenaires soxiaux, tout le monde prévoit pour les années à venir...»
Tradução: «a fundamentação das previsões de inflação, ou melhor, da inflação que as gerem, os agentes económicos, as empresas, os parceiros sociais, toda a gente prevê para os anos vindouros...»
O que poderia querer dizer «da inflação que as gerem»? O tradutor não reparou que a frase tal como está não faz qualquer sentido? Não sabe o significado de «ménage» e não consultou um dicionário? Veria que, embora «ménager» possa significar «administrar, gerir», o substantivo «ménage» significa «governo da casa», mas mais geralmente «família».

2)
Trichet: «Le résultat a été... estagnation, haut niveau d’inflation, haut niveau de chomage...»
Tradução: «O resultado foi: ... estagnação, ao nível da inflação, ao nível do desemprego...»
Que significa isto? Não era mau que a inflação e o desemprego estagnassem, mas infelizmente Trichet referia-se a 3 consequências pouco agradáveis da espiral de preços/salários: estagnação, que é uma realidade económica em si, alto nível de inflação e alto nível de desemprego. A estagnação não se coloca ao nível dos outros factores, são 3 realidades simultâneas.

Em entrevistas desta importância era bom que fosse dada mais atenção à tradução.

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terça-feira, 9 de setembro de 2008

Big-bang no planeta



A propósito do início próximo de operação do novo acelerador de partículas do CERN, o LCH (Large Hadron Collider), anuncia o correspondente da RTP Noé Monteiro que este ajudará «... a entender a imensidão do planeta em que vivemos.»
Que entenderá Noé Monteiro por «planeta»? Eu julgava que vivemos no planeta Terra, que não é tão imenso como isso, já que há séculos que foi medido com precisão e que com a facilidade actual de deslocações se torna cada vez mais pequeno, não no sentido físico mas no sentido de compreensão, aquele a que Noé Monteiro se referia.
Se esta afirmação tivesse sido proferida pelo homónimo Noé, patriarca que construiu, segundo a lenda, a célebre arca para escapar ao dilúvio, seria compreensível, mas um jornalista que se desloca a Genebra para falar de um acontecimento científico de tal importância deveria estar melhor informado e evitar lapsos deste calibre, digamos do calibre da imensidão do Universo.

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