quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Deviam ter vergonha


Era inevitável, mas mesmo assim é de nos congratularmos pela decisão do governo de optar por Alcochete para construção do novo aeroporto de Lisboa. Mas se o estudo do LNEC tivesse optado por uma posição dúbia, limitando-se a expor uma série de vantagens e inconvenientes não conclusivos, e se o governo não tivesse reconsiderado a sua posição teimosamente mantida por demasiado tempo apesar das evidências de que seria desastrosa para o País, não nos admiraríamos muito, conhecida a arrogância e obstinação do primeiro-ministro Sócrates noutros assuntos, e mesmo neste até há pouco. Sem dúvida que o grande derrotado é o ministro Mário Lino, que se tivesse um mínimo de vergonha e verticalidade não teria outra opção senão demitir-se. (E tenho pena de dizer isto, porque conheci de perto Mário Lino quando estudante e tinha consideração por ele. A fotografia do ministro quando jovem que acompanha esta mensagem é repetida da minha mensagem de 7 de Junho do ano passado)

Mas o que mais me chocou neste longo e tortuoso assunto foi a posição assumida pelo ministro e não desautorizada na altura pelo PM de que a opção pela OTA teria de ser mantida porque não eram conhecidos estudos que defendessem qualquer alternativa, mas se alguém apresentasse um estudo com outra localização, então o governo poderia considerá-la. Então para que temos governo? Para ficar passivamente à espera que alguém faça o seu trabalho? Não será função do governo procurar a melhor solução para os problemas do País sem se limitar às opções que lhe são oferecidas? Para mais já muitas e abalizadas opiniões tinham posto em causa a localização na OTA por razões graves. Este aspecto não tem sido devidamente salientado.

Sem dúvida que agora o governo fez bem em recuar, mas os elogios que alguns lambe-botas ou fieis do PS se apressaram a fazer não têm razão de ser. Se o governo ficou mal por ter de renegar o que até há pouco defendia encarniçadamente, seria muitíssimo mais grave se tivesse mantido a sua posição errada.

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