terça-feira, 25 de novembro de 2008

Novo blog, ou melhor, renovação

Este blog vai acabar. Não, não vai acabar, vai apenas mudar de nome e de endereço.
Vou passar a escrever as minhas lucubrações, comentários e desabafos sob outro nome, oficialmente num novo blog. Mas prefiro considerar que é a continuação ou renovação deste blog com nova denominação.

Por favor, cliquem aqui para aceder ao blog renovado que passa a chamar-se "Será que os anjos têm sexo?".

No blog renovado explico o motivo da alteração.

Espero que me continuem a acompanhar.


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sábado, 22 de novembro de 2008

Afinal quem mente?

O caso BPN continua apaixonante, mais do que um romance policial.
O último episódio, ainda não terminado, é a contradição entre as declarações de Dias Loureiro e de António Marta. Alguém mente, mas, como acabei de ouvir dizer ao Ministro das Finanças da altura, Miguel Beleza, não havendo testemunhas do encontro, é impossível saber quem.
É impossível? Não é a opinião de Louçã. Esta inteligência rara consegue saber que quem mentiu foi Dias Loureiro. Talvez ele seja a testemunha que faltava, porventura escondido atrás dos reposteiros do gabinete do Banco de Portugal. Afirma com toda a certeza que Dias Loureiro mentiu e portanto não pode continuar a ser conselheiro de estado e devia demitir-se ou ser demitido. Acrescentou Louçã que, para além de ser mentiroso, Dias Loureiro não merece confiança por ter ido fazer negócios em Porto Rico e em off-shores. Pecados capitais. Mas afinal Porto Rico é um dos estados dos EUA, que por muito que Louçã não goste deles, são um estado de direito e não parece que ir lá fazer negócios seja pecado. Quanto aos off-shores, estão na mó de baixo e muita gente deseja, com muitas razões válidas, que desapareçam, mas não é proibido fazer lá negócios, pelo menos por enquanto.

A propósito, acabo de ouvir Saldanha Sanches fazer na RTP-N um raciocínio que eu, que nada percebo de finanças, já tinha feito: O Banco de Portugal, e em particular António Marta, fica muito mal neste caso qualquer que seja o mentiroso: Se foi Loureiro, o BP já investigava o BPN e não se percebe por que nada fez até agora, nem porque não denunciou a pressão intolerável de um responsável por um banco sob investigação; se foi Marta, também não se percebe, perante as suspeitas comunicadas por um administrador da sociedade accionista do BPN, porque não iniciou logo investigações na altura.

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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Fechou a Livraria Byblos

Cada dia que passa há mais sinais alarmantes que mostram que a crise económica anunciada não se nota só nos números tais como o crescimento do PIB (ou melhor: o não crescimento), a baixa do índice de confiança, o menor crescimento das exportações, o aumento de desemprego e a redução do consumo. Há coisas mais concretas, como o facto de uma entidade para muitos de nós longínqua e quase mítica como o Banco Privado Português necessitar do aval do estado para obter crédito, mas sobretudo há coisas que nos tocam mais de perto. Hoje foi com estupefacção e até tristeza que soube da notícia do fecho da Livraria Byblos. Só lá fui 4 ou 5 vezes e levei lá a minha neta uma vez, na visita em que gastei mais dinheiro. Mas o fecho e a perspectiva de falência após apenas alguns meses de existência é um muito mau sinal para a nossa economia. Temo o que virá mais.

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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Mundo absurdo

Hoje ouvi 3 notícias que me levaram a duvidar da sanidade mental de alguém, só não sei se da minha se da dos intervenientes.

1) O Primeiro-Ministro foi distribuir computadores Magalhães a alunos de uma escola. Porém, depois da cerimónia, estes tiveram de devolver os aparelhos para aguardar que o processo de atribuição fosse concluído. Não era de esperar que depois de várias distribuições de Magalhães pelas escolas do país, envolvendo além do PM outros ministros, e ainda da distribuição na Cimeira Ibero-Americana, Sócrates se atrevesse a repetir a dose e ainda por cima numa falsa distribuição! Afinal o PM não terá coisas mais importantes a fazer? Mas se faz questão de continuar com as suas acções de propaganda, ao menos que as programe bem.

2) A Ministra da Educação dá inesperadamente uma conferência de imprensa apenas para dizer que a avaliação está a decorrer em milhares de escolas, que está a ouvir as partes interessadas para saber o que pensam e que a seu tempo, depois de ponderar as opiniões recebidas, tomará as decisões que se impõem. Valia a pena incomodar o jantar dos portugueses para dizer isto?

3) O Financial Times classificou os ministros das finanças dos 19 países mais desenvolvidos da UE e o nosso ministro Teixeira dos Santos ficou em último lugar. Não ficámos admirados com esta avaliação.

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domingo, 16 de novembro de 2008

João Martins Pereira

A morte de João Martins Pereira deixou-me profundamente consternado e comovido. Não era propriamente seu amigo, mas convivi profissionalmente com ele durante muitos anos e habituei-me a admirá-lo pelas suas qualidades intelectuais e principalmente pela sua seriedade e coerência. Conheci-o em 76, quando ele era Secretário de Estado do Ministério da Indústria e Tecnologia de João Cravinho e eu tive uma meteórica passagem pelo ministério como técnico requisitado, mas nessa altura pouco contactei com ele. Foi mais tarde que trabalhámos nas mesmas empresas e tivemos muitos trabalhos em comum. Muitas vezes me apoiou em aspectos profissionais sempre com conselhos que demonstravam uma grande justeza de critérios. Apesar de politicamente não sermos próximos, por vezes ficava com prazer a conversar sobre diversos temas de actualidade. Admirava as suas opiniões e o seu carácter. E continuo a admirar.

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sábado, 15 de novembro de 2008

PIB cresceu 0,7% no 3.º trimestre?

Ouço e leio na SIC-Notícias:

"PIB nacional cresceu 0,7% no 3.º trimestre de 2008."

0,7% num trimestre? Afinal não há crise? Se continua assim, teremos um bom crescimento num ano! Fiquei logo desconfiado (Como diz o provérbio: "Quando a esmola é grande...").

Pouco depois dizem na RTP:

"Economia portuguesa estagnou no 3.º trimestre."

Então em que ficamos: crescimento extraordinário ou estagnação? Fui ao sítio do INE e tirei as dúvidas, se dúvidas ainda podia haver: O crescimento do PIB no 3.º trimestre em cadeia foi nulo, 0%, como noticiaram na RTP. Em termos homólogos, portanto em relação ao 3.º trimestre de 2007, é que apresentou um crescimento de 0,7%, igual ao do trimestre anterior.

Hoje, na notícia desenvolvida no Público, confirmei a notícia com números e gráficos.

Fico sem saber se a SIC deu uma notícia que induzia em erro por incompetência ou propositadamente, seguindo o princípio propalado pelos nossos governantes de que é mais importante incutir confiança do que ser rigoroso na informação. Espero que do mal o menos, que seja incompetência. Bastaria ter acrescentado "crescimento homólogo" ou "em relação ao mesmo período do ano anterior".

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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Invasão castelhana

Dei com a seguinte etiqueta colada numa caixa do correio dum prédio de Lisboa:


Se bem entendo, isto significa que em Lisboa, Portugal, uma empresa portuguesa (a Ediclube) que envia produtos para os seus clientes por um serviço de estafetas recorre a uma empresa espanhola de serviço expresso (a NACEX Servicio Exprés). Até aqui tudo bem, vivemos num espaço económico comum e as empresas espanholas ou de qualquer outro país da UE podem funcionar livremente em Portugal e nada impede empresas portuguesas de contratarem os seus serviços se tiverem vantagem nisso. O caso muda de figura quando se vê que o aviso colocado na caixa do correio a avisar o destinatário da tentativa de entrega está integralmente escrito em castelhano. Uma empresa que funciona em Portugal utiliza para destinatários portugueses em Portugal impressos integralmente escritos em castelhano! Se não há qualquer lei contra isso, pelo menos o bom senso deveria evitar situações como esta.

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domingo, 9 de novembro de 2008

Manifestação dos professores

Não sou professor nem tenho filhos em idade escolar, mas não consigo manter-me indiferente ao estado da educação em Portugal. É impressionante e mesmo chocante ver a auto-suficiência da Ministra da Educação perante o protesto dos professores. Falar de intimidação como se a grande maioria dos professores pudessem manifestar-se por terem medo de uma minoria manipuladora, falar de tentativa de pressão sobre ela própria como se perante a situação caótica os professores não tivessem o direito de se pronunciarem em manifestações pacíficas e legais, falar em manobras eleitorais como se as eleições fossem amanhã, todas estas declarações demonstram uma profunda incompreensão do que é ser dirigente político e uma obstinação autoritária inaudita.
Também Sócrates, ao falar de aproveitamento dos partidos da oposição, demonstra falta de sentido de estado. Não será natural que a oposição esteja contra a actual política educativa e que se pronunciem nesse sentido na altura em que os professores se manifestam?

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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Mistificação

Há poucos espectáculos mais tristes do que as discussões no parlamento. A discussão de ontem sobre o Orçamento de Estado para 2009 foi uma dessas ocasiões. As perguntas muitas vezes não se destinavam a obter esclarecimentos, mas sim a apontar divergências; isto até é normal. Mas as respostas do governo também não esclarecem nada; as mais das vezes limitam-se a tentar denegrir o interlocutor ou a afirmar, sem mais explicações, a bondade das opções por meio de afirmações populistas, do tipo de "é para apoiar as famílias e as PMEs", ou a afirmar a "defesa dos mais necessitados", sem qualquer argumento justificativo.

Estive na expectativa de conhecer que medidas tinha o governo para contrariar a crise económica, sobre a qual os especialistas dizem que o pior está para vir. Mas além
1) da baixa do IRC para o escalão mais baixo, cujo efeito é ínfimo e só será sentido em 2010, para além de nada fazer pelas PMEs que não têm lucros e portanto não pagam IRC, as mais aflitas, naturalmente,
2) do 13.º mês de abono de família para as famílias mais carenciadas,
3) duma linha de crédito para PMEs, que já lutam com um endividamento sufocante, e
4) da promessa, pela 3.ª vez, de pagamento das dívidas do Estado, parece não haver qualquer medida de apoio às famílias que não têm filhos (portanto não têm abono), às empresas que não tenham lucros ou que não sejam PMEs, nem aos pensionistas, que sofrem com os aumentos de pensões abaixo da inflação, com a diminuição da dedução específica no IRS, dedução cujo valor superior ao dos empregados por conta de outrem se destinava a compensar a ausência de progressão na carreira - claro que os pensionistas nem sequer têm carreira - e o nulo poder reivindicativo.

No final da discussão fiquei com a impressão que Sócrates é um bom orador, astuto na argumentação, mas falho no conteúdo, com respostas sempre laterais, para não dizer mistificadoras, sem contrapor argumentos directos. Mas o ministro Teixeira dos Santos, com uma presença aparentemente mais técnica e menos parecida com um vendedor de computadores Magalhães, foi igualmente arrogante e mistificador, chegando ao ponto de perguntar ao chefa da bancada do principal partido da oposição "que interesses defendia". Lamentável!

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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Magalhães ou Tintim?

Julgo que não há memória de um alto dirigente de um estado civilizado, seja ele primeiro-ministro, presidente ou rei, ter alguma vez numa reunião internacional feito uma sessão de propaganda de um produto comercial com oferta do referido produto aos representantes dos outros países e um discurso de elogio sobre as respectivas propriedades.

Confesso que fiquei chocado e até envergonhado ao ver, na Cimeira Ibero-Americana que está a decorrer nestes dias, Sócrates distribuir o computador Magalhães, como produto de alta tecnologia portuguesa, resultado do glorioso plano tecnológico que nos há-de guindar para a vanguarda da tecnologia da Europa e quiçá do Mundo, e elogiá-lo mais à sua notável resistência que tinha aguentado a experiência científica de o presidente Chavez o lançar ao chão. Mais envergonhado fiquei com a referência ao "computador Tintim, que agrada dos 7 aos 77 anos". É sabido que Sócrates é exímio em actos de propaganda, em que, dizem as más línguas, tem baseado a sua acção governativa. Mas esta foi demais e de mau marketing.

Será que com esta sessão de propaganda grátis Sócrates vai conseguir que as exportações do Magalhães disparem e salve a balança comercial portuguesa?

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