sexta-feira, 11 de julho de 2008

Ainda as alternativas energéticas: carros eléctricos e hidrogénio


A assinatura de um acordo do estado português com a Renault-Nissan para experimentação do apoio em infra-estruturas para automóveis eléctricos foi ocasião de sessão quase solene com a presença do nosso primeiro-ministro e do ministro da economia. Não digo que tenha sido despropositado ou que se possa acusar o governo mais uma vez de aproveitar a ocasião para propaganda política. Os automóveis movidos a electricidade, seja, como neste caso, por meio de baterias, seja por meio de células, podem ser uma boa alternativa para transportes urbanos por não poluírem localmente. E faço questão de sublinhar “localmente”, porque isso não quer dizer que não causem poluição a montante, na geração de electricidade, mas não só, também na produção das baterias.
Vem isto a propósito da notícia veiculada pela TVI há 2 dias. Segundo o comentador António Perez Metelo, os novos carros eléctricos (não confundir com os velhos carros eléctricos da Carris, a que Cesariny chamou de “amarelíssimos”)

representam “um novo paradigma”, tendo o jornalista acrescentado que permitem utilizar “uma energia mais barata e sobretudo mais limpa”. Perez Metelo concordou, dizendo que constituem uma “alternativa limpa e competitiva”.

Bem gostava que tivessem razão. Mas vejamos:
Para estes automóveis constituírem “um novo paradigma” seria necessário que a energia eléctrica de que se alimentam fosse tão abundante como são ainda actualmente os combustíveis fósseis e não dependesse maioritariamente destes para a sua produção, o que não acontece neste momento nem parece fácil que venha a acontecer num futuro próximo.
À falta de dados, que já procurei sem êxito (talvez por culpa minha), duvido muito que a energia com que se alimentam os carros eléctricos seja mais barata do que a proveniente da queima da gasolina ou do gasóleo, mesmo com as subidas de preços recentes, porque a electricidade com origem no petróleo tenderá a subir tanto como os combustíveis.
A “alternativa limpa” é, como vimos, apenas limpa no local da utilização, mas não necessariamente no da produção da energia.
E “competitiva”? Gostava muito que Perez Metelo o confirmasse com números.
Entretanto resta-nos esperar pela fusão nuclear, esperança adiada de energia abundante e barata.

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