domingo, 18 de maio de 2008

Fumaça e negócios com gente pouco recomendável

Andou aí toda a gente muito escandalizada com o fumo do primeiro-ministro num avião a caminho da Venezuela. Eu também. Mas, apesar de não ser fumador e de concordar em geral com a lei do tabaco, acho que o escândalo não vem do facto de o nosso PM ter fumado um cigarrito (ou mais), mas sim de ir a caminho da Venezuela. Claro que negócios são negócios, mas há que ter decoro. Logo numa altura em que são apresentados fortes indícios ou mesmo provas que incriminam Chavez como cúmplice das FARC, fornecendo-lhes alegadamente financiamento e armas, é realmente escandaloso o branqueamento decorrente de uma visita feita com o estadão e a enorme comitiva que esta teve. Bem se via o ar enfiado e até um pouco envergonhado com que Sócrates reagia ao modo efusivo e até pretensamente íntimo com que Chavez o recebeu. Mas se o negócio de petróleo por alimentos (onde é que eu já ouvi isto?) pode ser vantajoso de parte a parte, e o que interessa é que seja vantajoso para nós, não era preciso uma embaixada de tão alto nível e tão numerosa nem tanto salamaleque.
Além disso, é pena que não se tenha explicado melhor que vantagem há em comprar petróleo na Venezuela em vez de recorrer aos nossos mercados habituais, de que constaram os numerosos acordos assinados, como vamos exportar alimentos para cobrir parte do valor das importações de petróleo, se somos altamente deficitários em bens alimentares, e muitas outras questões não explicadas.
Perante tudo isto, acho que Sócrates só faz bem se deixar de fumar, mas isso é um problema pessoal dele e o País não tem nada com isso. Já com o modo como lidamos com um homem que alegadamente protege terroristas, temos muito a ver.

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