domingo, 11 de maio de 2008

Farto, fartíssimo de futebol

Já aqui revelei (ia dizer "confessei", mas emendei a palavra a tempo, pois acho que não é ainda pecado) que não gosto de futebol. Não quero mal a quem gosta, mas sempre me espantou que grandes figuras da intelectualidade, cientistas, políticos e outras pessoas adultas e que suponho minimamente inteligentes e com bom senso afirmem com o ar mais sério deste mundo que "são do clube tal". Não compreendo o que significa para um adulto sério "ser do clube tal" em vez de ser de outro clube qualquer ou não ser de qualquer clube. Mas tenho de reconhecer que talvez o defeito seja meu, ou pelo menos estou em forte minoria.
Mas podemos supor que até poderia gostar de futebol, como os portugueses (e não só) normais.
Mesmo que assim fosse, acho que as doses maciças de futebol que os meios de comunicação nos debitaram ontem ultrapassaram o aceitável para manter a sanidade mental. Os 3 canais de TV generalistas abriram os jornais das 2o h com demoradas notícias futebolísticas. A que primeiro mudou de tema foi a RTP, mas mesmo assim só ao fim de mais de 20 minutos e para retomar assuntos da bola mais adiante. Os outros canais ainda continuaram durante não sei quanto tempo. Hoje o futebol voltou a ser o tema principal das notícias. Mas quando até comentadores sérios, como Vasco Pulido Valente e António Barreto, dedicam ambos as suas crónicas ao futebol, se bem que com muita inteligência e focando aspectos relevantes, é de bradar aos céus (se os céus tivessem alguém que ouvisse os nossos brados).
Então não haverá temas mais importantes para o nosso futuro colectivo ou mais interessantes para dedicarmos o nosso tempo? Pode subir o preço do petróleo e dos cereais, podem estalar confrontos no Líbano, podem estar para decorrer eleições na Sérvia cujo resultado será crítico para a situação da UE no Kosovo, pode Vanessa Fernandes ganhar pela 5.ª vez o triatlo (e não o pentatlo, como por gralha noticia hoje o Público), pode abrir um novo museu em Lisboa, pode estar em perigo a diversidade linguística da Europa (ver minha mensagem anterior), nada disso se compara em importância dada pelos meios de comunicação ao futebol. Ora bolas.

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