sábado, 24 de maio de 2008

Energias renováveis e custos

Até simpatizo com as energias renováveis. Primeiro porque são renováveis, ao contrário dos combustíveis fósseis que demoraram anos a formar-se. Mas também porque são, em geral, mais limpas, embora não todas. Como o petróleo se acabará, mais tarde ou maia cedo, ao que parece será mesmo mais cedo, tem todo o sentido investir no desenvolvimento de energias renováveis. Por isso tendo a ficar satisfeito quando vejo grupos de torres eólicas, principalmente se há vento e estão a funcionar. Também gosto dos painéis fotovoltaicos, apesar de serem bastante feios e desfearem os telhados vermelhos tradicionais.

No entanto há uma enorme falha na divulgação destas formas de criação de energia: Parece haver um tabu em falar do seu custo. Ainda recentemente, em revistas de divulgação científica, como a Science et Vie e a American Scientific, fontes importantes para mim que não sou cientista, se referia que estas energias tinham o inconveniente de serem muito mais caras do que as obtidas a partir do petróleo ou a energia nuclear. Apostava-se no aperfeiçoamento tecnológico para esperar que se viessem a tornar mais competitivas.

Ao longo dos últimos anos tem havido por vezes notícias desses desenvolvimentos tecnológicos e a escalada recente do preço do petróleo deve ter diminuído o fosso dos custos entre as formas de energia convencionais e as novas formas. Deve, suponho eu. No entanto não tenho conseguido ver ou ouvir referências aos custos actuais associados às energias renováveis e à sua comparação com os custos a que os preços do petróleo vai levar a energia obtida a partir de combustíveis fósseis. Nem nas sessões de inauguração de centrais fotovoltaicas, nem nas de fábricas de pás e equipamentos para aproveitamento da energia dos ventos, nem noutras ocasiões tem havido uma divulgação sobre a questão dos custos que informe o público e permita formar uma opinião fundada.

Por isso foi com satisfação que vi a questão levantada no blog EcoTretas a seguinte notícia que reproduzo com a devida vénia.

Escandaloso.

«A afirmação podia aplicar-se ao nosso ministro das Finanças. Afirmou, em relação ao protesto dos taxistas (e de todos os portugueses em breve), que "Não vejo porque é que todos os contribuintes têm de subsidiar uma actividade particular".

O problema do ministro é que ele se esqueceu que todos nós portugueses estamos a subsidiar determinadas actividades particulares. A microgeração e as energias ditas verdes, em particular, nos temas da energia, deviam ser melhor dominadas pelo ministro.

Em Portugal não há números. Mas nos Estados Unidos foi recentemente revelado o nível de subsidiação da energia. O resultado é escandaloso:

Produção de Energia Eléctrica:
Carvão Limpo: $29.81 por MWh
Energia Solar: $24.34 por MWh
Eólica: $23.37 por MWh
Nuclear: $1.59 por MWh
Hidroeléctrica: $0.67 por MWh
Carvão "Normal": $0.44 por MWh
Gás Natural: $0.25 por MWh

Combustíveis:
Biocombustíveis: $5.72 por BTU
Energia Solar: $2.82 por BTU
Carvão Refinado: $1.35 por BTU
Gás Natural e Petróleo: $0.03 por BTU

www.correiomanha.pt/noticia.aspx?channelid=00000021-0000-0000-0000-000000000021&contentid=B80CFB0E-A288-4E9E-A831-8C3D46823D54
http://online.wsj.com/article/SB121055427930584069.html
Publicada por EcoTretas em 16:23»
Etiquetas: energia, energias alternativas»

Este blog e o artigo do Wall Street Journal que lhe deu origem são uma achega, mas não esclarecem tudo. Falam de subsídios, não de custos e, no caso da produção de energia eléctrica, falta o preço da produção a partir dos derivados do petróleo, talvez porque se trata exactamente de4 subsídios e esta não deva ser subsidiada. Seria interessante saber os custos respectivos em Portugal e já agora os subsídios concedidos.

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