segunda-feira, 4 de junho de 2007

Melícias e Cavaco

Lembro-me muito bem da ameaça que o Padre Melícias fez de ir a correr até à fronteira se Cavaco voltasse alguma vez ao poder, isto quando Cavaco perdeu as eleições em 1995 e deixou o governo. Depois da eleição de Cavaco para a Presidência da República fiquei à espera de ouvir a notícia da rápida fuga de Melícias para o estrangeiro, onde ficasse a salvo das malfeitorias cavaquistas. Mas esperei em vão. Pensei então que o lugar de Presidente da República não causasse tantos engulhos como o de chefe do governo e que Melícias aguentasse, embora com grande sacrifício, a presença de Cavaco na mais alta magistratura da Nação sem fugir do País. Nunca pensei é que a presença física e próxima do próprio Cavaco lhe suscitasse o à-vontade e os sorrisos que vi ontem na televisão na sessão de abertura do VIII Congresso Nacional das Misericórdias Portuguesas. Não há dúvida: Melícias estava feliz, direi mesmo felicíssimo, com a proximidade de Cavaco numa cerimónia em que figurava como Presidente das Misericórdias. A sua presença não se devia a uma obrigação protocolar cumprida com o sacrifício de quem só desejava fugir até à fronteira. Nem sequer fez menção de se afastar até à porta, muito menos até à fronteira. E ao cumprimentar o Presidente da República sorriu com evidente satisfação. Será que Cavaco já não é perigoso ou foi Melícias que se rendeu ao seu encanto?

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