segunda-feira, 5 de março de 2007

Voltando à Valquíria

Tenho de reconhecer com humildade que certamente sou eu que não percebo nada de encenação. A encenação de Vick no São Carlos da Valquíria que tão vivamente critiquei, fazendo honestamente a ressalva de que não tinha assistido à ópera mas apenas visto umas poucas cenas na televisão, tem sido alvo de críticas e referências elogiosas. O que me pareceu disparatado e de mau gosto, afinal parece que para os entendidos é grande arte e é freudiano e psicanalítico. Confesso que não é só com as encenações modernas de teatro e de ópera (algumas, entenda-se) que se dá esta minha aversão de ver figuras de épocas antigas ou mitológicas vestidas com trajes modernos. Também há muitas manifestações artísticas contemporâneas que não consigo compreender nem apreciar (sim, porque poderia apreciar sem compreender, o que na realidade acontece com algumas). Como no caso da Valquíria, estou pronto a reconhecer que certamente a limitação é minha, própria de um velho cota. Mas apesar de lembrar a mim mesmo constantemente que também os impressionistas foram duramente atacados pela crítica do seu tempo e que a Sagração da Primavera de Stravinsky foi pateada, que os gostos evoluem e que a arte moderna é muitas vezes incompreendida na sua época, não consigo gostar de encenações como a da Valquíria de Vick. E como gostos não se discutem, deixem-me com o meu gosto, que não está certo nem errado, é o meu.

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