quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Termos futebolísticos a torto e a direito

Acho lamentável a tendência cada vez mais generalizada para utilizar termos da técnica ou da gíria futebolística nos discursos sobre os mais diversos temas, que nada têm a ver com futebol. com a intenção de realçar determinados aspectos. Ele é o "cartão vermelho" para cá, "cartão amarelo" para lá, ele é o "ganhar na secretaria", o "rematar à baliza", o "acertar no poste", e até se usa o "campo de futebol" ou "estádio de futebol" como medida de área. Este hábito já entrou até no Parlamento.

Mas hoje dei com um exemplo no mínimo caricato e que revela falta de cultura de quem o escreveu:
No PÚBLICO, o jornalista José J. Mateus, a propósito da ratificação pela Assembleia da República da Convenção da UNESCO sobre Diversidade Cultural, escreve:
"O documento que hoje vai ser debatido na Assembleia da República é, usando o futebol, o contra-ataque da Cultura à ameaça que vem da Organização Mundial do Comércio (OMC)."

Usando o futebol? Logo não entendi e li os parágrafos seguintes para ver como estaria a AG ou a UNESCO a usar o futebol. Mas relendo a frase fez-se luz no meu espírito, apesar de pouco perceber de futebol. Para o Sr. José Mateus, "contra-ataque" é um termo próprio, talvez exclusivo, do futebol. Nunca terá este jornalista lido uma crónica de uma batalha, de uma luta, de uma OPA? Então falar em contra-ataque é usar o futebol? Simplesmente ridículo.

Comments: Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?