segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Nem todos os portugueses querem ser espanhóis!

Segundo os jornais, que apesar de todas as dúvidas e imprecisões continuam a ser uma fonte privilegiada de informação para as pessoas simples como eu, uma sondagem chegou à conclusão que 28% dos portugueses não se importariam de que Portugal se unisse à Espanha formando uma única entidade política. Apesar de ser uma minoria, mesmo assim fiquei um pouco surpreendido com a amplitude deste número. Suponho que o que motivou estas respostas não foi falta de patriotismo, mas sim razões meramente económicas: Em Espanha o PIB per capita, o crescimento económico, o salário mínimo e o rendimento médio são muito mais elevados, por outro lado, o défice está controlado e não serão necessárias as medidas drásticas e dolorosas que por cá se vão lançando para o reduzir. Muitas almas simples ou até mesmo simplórias imaginam que se se desse uma união ibérica passaríamos de um dia para o outro a ter todas as vantagens atrás citadas de que os espanhóis usufruem. Nem o facto de o desemprego ser consideravelmente mais elevado desmotiva estas iberistas.

Mais me surpreendeu ainda a revelação de que 44% dos espanhóis também seriam favoráveis à união dos dois países (dois até agora, está bem de ver). Para que quereriam eles importar os nossos problemas? Não lhes bastam os separatismos que já têm lá por casa? Para mais, o mesmo estudo revelou que a maioria dos inquiridos era de opinião de que o novo país resultante da união se deveria chamar Espanha e que a capital deveria ser em Madrid! A união seria pois uma verdadeira anexação. Nenhum destes estudos se debruçou, que se saiba, sobre o regime político, república ou monarquia, nem sobre a língua oficial. Será que os 28% de portugueses também concordariam com o nome do novo país e para a capital escolhida? Será que estavam dispostos a aprender castelhano?

Vivi 3 anos em Espanha e nada tenho contra os espanhóis, pelo contrário, fiz amigos, fui bem tratado e considero que é um povo com muitas qualidades, pelo menos os de Castela, que conheci melhor, sem me pronunciar sobre os outros apenas por desconhecimento. Mas também passei algum tempo em França e menos, mas bastante para ter opiniões minimamente fundamentadas, na Itália e na Finlândia, também lá fiz amigos e gostei dos respectivos ambientes. No entanto as minhas raízes, a minha cultura e os meus conhecimentos mais profundos são portugueses e não me sentiria em casa em qualquer desses países. Por isso sou e serei frontalmente contra qualquer união ibérica, mesmo sem os problemas do nome do país resultante da união, da capital, do regime de chefia de estado ou da língua. Fundamentalmente por questões culturais. Sinto-me bem na União Europeia, desde que não descambe nuns Estados Unidos da Europa mais ou menos federalistas, creio que há uma certa cultura comum europeia, mas dentro de uma grande diversidade, e nessa diversidade onde me sinto melhor é em Portugal, por muitos defeitos e muitas insuficiências que possa reconhecer nos portugueses e em Portugal.

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