segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Mais disparates da TV: verbo haver e zeros a mais ou a menos, plural e singular

Alguns jornalistas continuam alegremente a conjugar o verbo haver impessoal no plural, mas o pior foi ouvir este erro de palmatória não de um jornalista mas de um professor, entrevistado sobre a recente questão da colocação de professores:
"É difícil de acreditar que não hajam vagas." (SIC-Notícias 2006.09.15)
No dia seguinte a na versão em português da Euronews o mesmo disparate:
"Mesmo que a vida nem sempre corra bem e hajam algumas dificuldades..." (Euronews RTP-N 2006.09.16)
Num dia destes, a jornalista Clara de Sousa da SIC afirmou serenamente que as receitas do Estado português desde o princípio do ano eram de 23 milhões de euros e que as despesas de 28 milhões, não reparando ou não tendo a noção de que tais números eram ridiculamente pequenos e obviamente queria referir-se a milhares de milhões de euros. Uma distracção qualquer tem, mas ao repetir o disparate leva a crer que não tem a noção da ordem de grandeza do orçamento do Estado.
Nos últimos dias tem havido alguma controvérsia sobre o uso ou não do plural de verbos em frases em que o sujeito está no singular mas representa uma entidade plural. O Provedor dos leitores do DN, em resposta às reclamações de vários leitores sobre o erro de concordância do título: "Um terço dos estudantes já foram vítimas de violência", referia a resposta do director adjunto do jornal, baseado no douto parecer dos que ele designava como "maiores gramáticos da nossa língua", admitindo que ‘Quando o sujeito é constituído por uma expressão partitiva (...) e um substantivo ou pronome plural, o verbo pode ir para o singular ou para o plural.’
Felizmente o Provedor teve o cuidado de consultar outros especialistas, a prof.ª Maria Regina Rocha e a especialista Edite Estrela, que consideram mais correcto o uso, em tais casos, do plural. Fiquei aliviado. Haja bom-senso.

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