domingo, 22 de outubro de 2006

A despromoção de Plutão revisitada

Fiquei muito satisfeito e até, confesso, um bocadinho orgulhoso, ao ler na revista "Ciel & espace" (n.º 437 de Outubro de 2006) que a minha dúvida semântica sobre a incoerência de dizer que Plutão tinha deixado de ser um planeta, passando a ser um planeta anão, categoria considerada diferente, fora levantada, quase pelas mesmas palavras, no Congresso da UAI.

Dizia eu: « Então um planeta anão não é um planeta? Vejamos exemplos de outras categorias de seres e objectos:
Um homem anão não é um homem? Claro que é. Até os liliputianos (acabei de rever na TV magnífica série televisiva sobre o Gulliver de Swift) são descritos como seres humanos. Um cão anão, assim como um cão gigante, também é um cão. Um microorganismo é um organismo. Um minidisco é um disco, e assim por diante. Isto não tem nada que ver com os domínios das respectivas ciências, taxonomia, mecânica ou outros. É uma questão de pura lógica e semântica. Portanto, sem querer entrar em polémica com os astrónomos, para o que não tenho a mínima categoria, quer-me parecer que Plutão continua a ser um planeta, embora anão.»

O artigo inserto na revista citada ("Pluton n’est plus une planète" - com chamada na capa: "Pluton Détrôné") refere ilustres astrónomos que têm exactamente a mesma dúvida e diz mesmo que de entre aqueles foram numerosos a fazer notar, com certa ironia, que "si un petit chien est un chien, alors une planète naine est une planète." Nem mais nem menos.
Infelizmente por vezes mesmo cientistas têm abordagens pouco científicas! Para mim, portanto, o número de planetas do sistema solar não diminuiu, antes aumentou, já que os planetas anões, logicamente e enquanto não encontrarem outra designação que não seja uma adjectivação do nome planeta, são também planetas.

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